FRANK O'HARA
ADIEU TO NORMAN, BON JOUR TO JOAN AND JEAN-PAUL
It is 12:10 in New York and I am wondering
if I will finish this in time to meet Norman for lunch
ah lunch! I think I am going crazy
what with my terrible hangover and the weekend coming up
at excitement-prone Kenneth Koch's
I wish I were staying in town and working on my poems
at Joan's studio for a new book by Grove Press
which they will probably not print
but it is good to be several floors up in the dead of night
wondering whether you are any good or not
and the only decision you can make is that you did it
yesterday I looked up the rue Frémicourt on a map
and was happy to find it like a bird
flying over Paris et ses environs
which unfortunately did not include Seine-et-Oise which I don't know
as well as a number of other things
and Allen is back talking about a god a lot
and Peter is back not talking very much
and Joe has a cold and it's not coming to Kenneth's
although he is coming to lunch with Norman
I suspect he is making a distinction
well, who isn't
I wish I were reeling around Paris
instead of reeling around New York
I wish I weren't reeling at all
it is Spring the ice has melted the Ricard is being poured
we are all happy and young and toothless
it is the same as old age
the only thing to do is simply continue
is that simple
yes, it is simple because it is the only thing to do
blue light over the Bois de Boulogne it continues
the Seine continues
the Louvre stays open it continues it hardly closes at all
the Bar Américain continues to be French
de Gaulle continues to be Algerian as does Camus
Shirley Goldfarb continues to be Shelley Goldfarb
and Jane Hazan continues to be Jane Freilicher (I think!)
and Irving Sandler continues to be the balayeur des artistes
and so do I (sometimes I think I'm "in love" with painting)
and surely the Piscine Deligny continues to have water in it
and the Flore continues to have tables and newspapers and people
under them
and surely we shall not continue to be unhappy
we shall be happy
but we shall continue to be ourselves everything continues to be possible
René Char, Pierre Reverdy, Samuel Beckett it is possible isn't it
I love Reverdy for saying yes, though I don't believe it
1959
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ADIEU A NORMAN, BON JOUR A JOAN E JEAN-PAUL
São 12:10 em Nova Iorque e pergunto-me
se acabarei isto a tempo de me encontrar com Norman para o almoço
ah o almoço! penso que estou a enlouqecer
com uma ressaca terrível e a perspectiva do fim-de-semana
em casa do excitável Kenneth Koch
desejaria ficar na cidade e trabalhar nos meus poemas
no estúdio de Joan para um novo livro pela Grove Press
que provavelmente não editarão
mas é bom estar num andar alto no coraçáo da noite
duvidando ter-se ou não algum valor
e a única decisão possível é que se fez
ontem procurei a rue Frémicourt num mapa
e fiquei feliz por a encontrar como um pássaro
voando sobre Paris et ses environs
que infelizmente não incluía Seine-et-Oise que não conheço
bem como várias outras coisas
e Allen regressou falando muito de deus
e Peter regressou não falando muito
e Joe está constipado e não vai a casa de Kenneth
embora vá almoçar com Norman
suspeito que esteja a fazer uma escolha
mas quem não está
desejaria estar cambaleando por Paris
em vez de cambalear por Nova Iorque
desejaria no fundo não cambalear
é Primavera o gelo derreteu o Ricard é servido
somos todos felizes e jovens e desdentados
é igual à velhice
a única coisa a fazer é continuar simplesmente
é tão simples
sim, é simples porque é a única coisa a fazer
poderás fazê-lo
sim, podes porque é a única coisa a fazer
a luz azul sobre o Bois de Boulogne continua
o Sena continua
o Louvre mantem-se aberto continua quase nunca fecha
o Bar Américain continua a ser francês
de Gaulle continua a ser argelino tal como Camus
Shirley Goldfarb continua a ser Shirley Goldfarb
e Jane Hazan continua (penso!) a ser Jane Freilicher
e Irving Sandler continua a ser o balayeur des artistes
e eu também (por vezes penso que me "apaixonei" pela pintura)
e seguramente a Piscine Deligny continua a ter água
e a Flore continua a ter mesas e jornais e pessoas debaixo deles
e seguramente não continuaremos a ser infelizes
seremos felizes
mas continuaremos a ser nós mesmos tudo continua a ser possível
René Char, Pierre Reverdy, Samuel Beckett é possível não é
eu amo Reverdy por dizer sim, embora não acredite
1959