DURS GRÜNBEIN
NAS PROVÍNCIAS II
(EM GOTLAND)
À distância era tudo o que havia para ver,
Uma paisagem ondulante reunida no olho de um bútio,
As colinas desnudas, uma vereda e ao lado
Uma pata de coelho no mato, agitada pelo vento,
Um tornozelo bem roído , que não pesava mais
Na mão que um pássaro recém-nascido,
Ainda a mover-se, ainda quente, que saltava
Da frigideira, ensanguentado como a presa
Da cinzenta ave de rapina, na pua da sorveira brava -
Um pequeno pedaço de osso, acenando com a ondulação do pêlo.
Era tudo o que sobrava do coelho
Depois que a sombra de uma asa lhe atravessou o caminho,
E o zigue-zague da sua corrida foi cortado por uma garra, a respiração
Ofegante por um bico certeiro. Como deve
Ter sido excruciante a sua morte, desoladamente disseecada
Na terra invernal, as últimas convulsões.
O único sobrevivente da matança empoleirado nos ramos;
Como testemunha subornada não se lembrava de nada.
A erva, que de novo se ergue, assegura
Que isto era tudo o que havia para ver, a pata deste coelho.
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