ALEKSANDAR RISTOVIC
VIAGEM FUTURO-PASSADO
A mtnha avó e eu viajamos para um mosteiro,
numa carruagem rústica puxada por um cavalo branco.
A avó ainda é uma rapariga e eu tenho 59 anos.
No colo, a avó tem um cesto de lírios silvestres
e eu tenho uma moeda no bolso com a qual todos
os carrascos de Cristo foram subornados.
(Morrerei em breve, mas esse não é o assunto do poema.)
A viagem conduz-nos de taberna em taberna e em breve
estamos tão toldados que mal conseguimos ver-nos um ao outro.
O cocheiro espia-nos e benze-se às escondidas.
No caminho para o nosso destino damos boleia
a um mendigo que é débil mental.
Toca uma harmónica e nada pede em troca.
A minha avó e eu viajamos para um mosteiro
entre árvores verdes e o ar cheirando aos lírios dela
e à chuva que bate nas nossas caras.
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