FRANK O'HARA
A LITTLE TRAVEL DIARY
Wending our way through the gambas, angulas,
the merluzas that taste like the Sea Post on Sunday
and the great quantity of huevos they take off
Spanish Naval officers' uniforms and put on plates,
and reach the gare de Francia in the gloaming
with my ton of books and John's ton of clothes bought
in a wild feat of enthusiasm in Madrid; all jumbled
together like life is a Jumble Shop
of the theatre
in Spain they said nothing for foreigners
and we head in our lovely 1st class coach, shifting
and sagging, towards the northwest, while in other compartments
Dietrich and Eric von Stroheim share a sandwich of chorizos
and a bottle of Vichy Catalan, in the dining car
the travelling gentleman with linear moustache and many
many rings rolls his cigar around and drinks Martini y
ginebra, and Lillian Gish rolls on over the gorges
with a tear in her left front eye, comme Picasso,
through the night through the night, longitudinous
and affected with stars; the riverbeds so far below look
as a pig's tongue on a platter, and storms break over
San Sebastian, 40 foot waves drench us pleasantly and we see
a dead dog bloated as a fraise lolling beside the quai
and slowly pulling out to sea
to Irun and Biarritz
we go, sapped of anxiety, and there for the fist time
since arriving in Barcelona I can freely shit
and the surf is so high and the sun is so hot
and it was all built yesterday as everything should be
what a splendid country it is
full of indecision and cognac
and bikinis, sens plastiques (ugh! hooray!), see the back
of the head of Bill Berkson aux Deux Margots, (awk!) it gleams
like the moon through the smoke of the Renfe as we passed
through the endless tunnels and the silver vistas
of our quest for the rocher de la Vierge and salt spray
1960
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UM PEQUENO DIÁRIO DE VIAGEM
Abrindo caminho por entre as gambas, angulas,
as merluzas que têm o gosto do Correio do Mar ao Domingo
e as grandes quantidades de huevos que retiram dos
uniformes dos oficiais da Marinha Espanhola e põem em bandejas,
e chegamos à gare de Francia ao entardecer
com a minha tonelada de livros e a tonelada de roupas que John
comprou num desvario selvagem em Madrid; todas
numa mixórdia como a vida é uma Loja de Sucata
do teatro
disseram nada haver em Espanha para estrangeiros
e prosseguimos na nossa carruagem amável de 1ª classe, aos
solavancos para noroeste, enquanto noutros compartimentos
Dietrich e Eric von Stroheim partilham uma sandes de chorizos
e uma garrafa de Vichy Catalan, na carruagem-restaurante
o cavalheiro viajante com um bigode fininho e muitos
muitos anéis faz rodar o charuto e bebe Martini y
ginebra, e Lilian Gosh roda sobre os desfiladeiros
com uma lágrima no olho esquerdo da frente, comme Picasso,
noite dentro, noite dentro, longilinea
e governada por estrelas; lá no fundo os leitos dos rios parecem
uma língua de porco numa travessa, e tempestades rebentam sobre
San Sebastian, ondas de quarenta pés encharcam-nos agradavelmente e vemos
um cão morto inchado como papada flutuando junto ao cais
empurrado suavemente para o mar
para Irun e Biarritz
vamos, ensopados de ansiedade, e aí pela primeira vez
desde a chegada a Barcelona posso cagar à vontade
e as ondas são tão grandes e o sol tão quente
e foi tudo construído ontem como tudo deveria ser
que país esplêndido este
cheio de indecisão e conhaque
e biquinis, sans plastiques (ugh! hurra!) vejo
a nuca de Bill Berkson, aux Deux Magots (awk!) brilha
como a lua por entre o fumo da Renfe à medida que passávamos
pelos túneis intermináveis e as paisagens de prata
da nossa demanda do rochedo de la Vierge e salpicos salgados
1960
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