quarta-feira, 9 de novembro de 2022

 JON JUARISTI

ARCADIA FOREVER

                                     A Juan Pablo y Eva

Preciso una segunda residencia.
A ser posible en zona no muy húmeda:
Una modesta villa con jardín
Cerca de una ciudad como Sepúlveda.

No me vendría mal la vencidad
De un par de mamelones del Jurásico
Dando sombra a un regato rumoroso,
Que en este del paisaje soy muy clásico.

Si no es mucho pedir, preferiría,
De hacérseme una oferta, que estuviera,
Siempre dentro de un precio razonable,
En alguma comarca ganadera,

Pues nunca ha conseguido trasponerme
El canto del arado y del tractor.
Me  priva, en cambio, el género bucólico:
Un rebaño, una flauta y un pastor.

Quedaría en extremo satisfecho
Si además fuese ovina la cabaña.
Es difícil, lo sé, dada la enorme
Pujanza del cabrío en toda España

(lo cual, por otra parte, es compresible,
Toda vez que se tenga en cuenta el dato
De que la raza hispánica desciende
Del cruce de una cabra con Viriato).

No pondría objeciones poderosas
A la mezcla de churras con merinas
E incluso admitiría las eléctricas
Mientras no fuesen bravas ni astifinas

(No está de sobra, no, tal requisito,
Hipócrita lector: hazte a la idea
De que vas paseando por el campo
Y que viene una oveja y te cornea).

Si hiciera falta un bosque en el entorno,
Apuesto por el pino y la genista
(no hay que cuidarlo mucho y arde en pompa
Bajo cualquier gobierno socialista).

Inútil es, supongo, que reclame
Una heredad a salvo de reptiles
Ni de plagas de insectos con memoria
De las guerras civiles,

Pero exijo que no haya pajarracos
Que con sus dulces trinos
Me despierten del sueño de los justos
Alabando la paz de los cretinos.

Desdeño su romanza humanitaria,
Las flores de nectarios filantrópicos
Y los gayos plumajes irisados
Usuales en los trópicos

En materia de arbustos yo me dejo
Aconsejar por sabios y profanos
Con tal de que no aromen el ambiente
Ni sirvan de refugio a los enanos.

Amo la soledad y reñiría
Con todo propietario colindante.
Absténganse por tanto de oferecerme
Un entorno amistoso y elegante.

Me basta la presencia en derredor
De romero, tomillo, jara, espliego...
Vivir quiero conmigo
Y con mi colección de armas de fuego.


             xxxxxxxxxxxxxxx


ARCADIA FOREVER

                                      Para Juan Pablo e Eva

Preciso de uma segunda residência,
A ser possível em zona não muito húmida:
Uma modesta vila com jardim
Perto de uma cidade como Sepúlveda.

Não me calharia mal a vizinhança
De um par de outeiros do Jurássico
Dando sombra a um regato rumoroso,
Que nisto de paisagem sou muito clássico.

Se não é pedir muito, preferiria,
A fazerem-me uma oferta, que estivesse, 
Sempre dentro de um preço razoável,
Nalguma comarca ganadeira,

Pois nunca consegui ocultar-me
O canto do arado e do tractor.
Prefiro, pelo contrário, o género bucólico:
Um rebanho, uma flauta e um pastor.

Ficaria muitissimo satisfeito,
Se além disso fosse ovina a cabana.
É difícil, sei-o, dada a enorme
Pujança do bode em toda a Espanha

(o que, por outro lado, é compreensível,
Desde que se tenha em conta o facto
De que a raça hispânica descende
Do cruzamento de uma cabra com Viriato).

Não poria objecções poderosas
À mistura de churras com merinas
E até admitiria as eléctricas
Desde que não fossem bravas e de hastes finas

(Não é dispensável, não, tal requisito,
Hipócrita leitor, imagina
Que vais passeando pelo campo
E que vem uma ovelha e te corneia).

Se fizer falta um bosque no arredor
Aposto pelo pinheiro e o piorno
(não necessita muito cuidado e arde com pompa
Sob qualquer governo socialista).

É inútil, suponho, que reclame
Uma herdade a salvo de répteis
Ou de praga de mosquitos com memória
Das guerras civis.

Mas exijo que não haja passaroucos
Que com os seus doces trinados
Me despertem do sono dos justos
Louvando a paz dos cretinos.

Desdenho a sua romança humanitária,
De flores de nectários filantrópicos
E as gaias plumagens irisadas
Usuais nos trópicos

Em matéria de arbustos deixo-me 
Aconselhar por sábios e profanos
Desde que não aromatizem o ambiente
Nem sirvam de refúgio aos anões.

Amo a solidão e discutiria
Com todo o proprietário crcundante.
Abstenham-se, portanto, de oferecer-me
Uma vizinhança amistosa e elegante.

Basta-me a presença em redor
De alecrim, tomilho, esteva, alfazema...
Viver quero comigo
E com a minha coleção de armas de fogo. 

Sem comentários:

Enviar um comentário

  FRANK O'HARA PISTACHIO TREE AT CHATEAU NOIR Beaucoup de musique classique et moderne Guillaume and not as one may imagine it sounds no...