ALEKSANDAR RISTOVIC
O ENCONTRO DOS METAFÍSICOS
Alguns falam do supremo,
do lance final de dados,
do que é nada para alguns e nada para outros,
de imagens, mesmo antes de deslizarmos para os sonhos,
de rosa comparado ao verde e de rosa junto ao verde,
de tardes reunindo conchas numa praia pedregosa,
da não existência de um e da não existência de outro,
da metafísica dos objectos e da metafísica do tempo na qual
este e aquele objecto acontecem,
de memórias, por certo,
de sacrilégio,
da confissão de uma mulher que se inclina para a tua cara,
da morte que deixa provas parciais aqui e ali, não permitindo
que as vejamos na totalidade,
do Nada que só ele pode ser provado e não pode ser refutado,
do transcendente (ser incapaz de distinguir a própria voz do
som do trovão e do ruído dos objectos),
de mim a falar de qualquer coisa antiga, começando pela mais
baixa e seguindo para a mais alta:
da miséria de um homem num telheiro de aldeia observand o ondear das searas de aveia e de centeio,
da miséria de outro qualquer homem na sua cama ou na cama
do vizinho,
de uma galinha,
um tripé,
dureza e suavidade,
e da falsidade dos discípulos e da inflexibilidade dos
mestres.
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