sexta-feira, 25 de novembro de 2022

 AUGUST KLEINZAHLER


FLYNN'S END

Flynn fell off the cable car
and landed on his head.
                                      Poor Flynn,
hardly Flynn anymore,
in a dory listing to starboard.

Flynn on his stool,
holding court down the block
at The Magic Flute,
his hound at his feet while old LPs
hissed and popped through the weekend.

Boccherini and Mississippi Fred,
the plucky chanteuse and gag tunes.

Flynn with his mug of rum
and that faraway gaze -
a wryness at the eyes and mouth
frozen into a carapace
over some enormous hurt.

You see it in the look of old beatnicks
at their rituals
in the bar window, solemnly
playing cards at noon,
afflicted with some private wisdom
denied parturition.

Flynn, drunk and alone
in his shop weekday afternoons
with binfuls of concerti
and wailing brass.
                             Alone with his dog
and his rum and the fog
coming in and too stiff
to get up and change the record.

And Flynn with his secret poems
in a fancy red box,
thwarted and feverish and illustrated
by a suburban Beardsley,

whatever ache or shame
prettified, made diffuse and tied
with a rhyme
like a ribbon around a present.

The ghost of him presiding
over those last lost afternoons
weeks after the earthquake,
laths and studs showing through
the walls, and plaster
sprinkling the ancient Vocalions.

A consortium bought the block
and the old place has a new front
with black glass,
very minimal, very flash
and sells computer software.

And Flynn drifts further and further to sea
in his bed at Laguna Honda.


                  xxxxxxxxxxxxxx


O FIM DE FLYNN

Flynn caiu do teleférico
e aterrou de cabeça.
                                Pobre Flynn,
já nem sequer Flynn,
num xarroco dirigindo-se para estibordo.

Flynn no seu tamborete,
na presidência na ponta do quarteirão,
em A Flauta Mágica,
com o cão aos pés, enquanto LPs antigos
assobiavam e saltavam todo o fim  de semana.

Bocherini e Mississipi Fred,
a cantora destemida e as melodias improvisadas.

Flynn com a sua malga de rum
e o seu olhar distante -
um viés nos olhos e na boca
congelado numa carapaça
sobre uma mágoa enorme.

É possível vê-lo no olhar de beatniks velhos
nos seus rituais
na janela do bar, solenemente 
a jogar cartas ao meio-dia, 
acossados por uma sabedoria privada
a que o parto foi negado. 

Flynn, embriagado e só
na sua loja nas tardes dos dias de semana
com caixotes cheios de concertos
e sopros lamentosos.
                                 Apenas com o seu cão 
e o seu rum e o nevoeiro
a chegar e demasiado anquilosado
para se levantar e mudar o disco.

E Flynn com os seus poemas secretos
numa caixa vermelha extravagante,
contrariado e febril e ilustrado
por um Beardsley suburbano,

toda a queixa ou vergonha
petrificada, esborratada e atada
com uma rima
como um laço em torno de um presente.

O fantasma dele a presidir
nessas últimas tardes perdidas
das semanas depois do terramoto,
ripas e caibros assomando através das
paredes, e estuque
salpicando os velhos discos Vocalion.

Um consórcio comprou o bloco
e o velho sítio tem uma frente nova
com vidro negro,
muito minimal, muito vistoso
e vende software de computador.

E Flynn afasta-se cada vez mais no mar
na sua cama em Laguna Honda. 


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