segunda-feira, 11 de julho de 2022

 MIROSLAV HOLUB

DOMINGO

Os corredores da Maratona atingiram o ponto de viragem:
Domingo, o dia de canções tristes
junto à ponte de caminho de ferro
e das nuvens.
                       Os teus olhos, no zénite -
e dizer isto sem usar o corpo é
como correr sem tocar no solo.
                      Há trinta anos
passou aqui um transporte, vagões abertos
carregados de silhuetas,
com cabeças e ombros cortados
no papel negro do horror.
E estas pessoas amavam alguém,
mas o comboio regressava vazio
todos os domingos, apenas
alguns ganchos de cabelo
e cinzas
no soalho do vagão.

Quem sabe como tocar no solo,
quem sabe como não tocar no solo?
Não se pode não acreditar
na existência da linha de chegada da Maratona
dentro de duas horas e quarenta minutos,
entre o barulho ensurdecedor das nuvens
e vagões abertos vazios
sobre a ponte do caminho de ferro.

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