VÍCTOR BOTAS
LAS ROSAS DE BABILONIA
No me perguntes cómo pasa el tiempo
Li Kiu Ling
No me perguntes cómo pasa el tiempo.
El caso es que ya estoy un poco sordo
y el pelo me blanquea. Sin embargo,
aún siento un no sé qué, algo muy tenue
(como un temblor de luna en un estanque),
aquí, justo en la boca del estómago,
cada vez que te miro. Qué curioso,
qué curioso, ¿verdade? Qué raro: el tiempo,
que en Babilonia destroyó las rosas,
que terminó con Júpiter y a polvo
redujo los imperios y las caras
(que todo se lo lleva por delante
como un rinoceronte enloquecido),
me parece que hoy se va a dejar
los dientes (por lo menos), en su inútil
empeño de ir borrándote esos ojos
que intactos - yo lo quiero - aquí se quedan.
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AS ROSAS DE BABILÓNIA
Não me perguntes como passa o tempo
Li KIU LING
Não me perguntes como passa o tempo.
A questão é que já estou um pouco surdo
e o cabelo branqueia. Contudo,
ainda sinto um não sei quê, algo muito ténue
(como um trmor de lua num tanque),
aqui, mesmo na boca do estômago,
cada vez que te olho. Que curioso,
que curioso, não é verdade? Que estranho: o tempo
que em Babilónia destruiu as rosas,
que terminou com Júpiter e a pó
reduziu os impérios e as caras
(que tudo leva pela frente
como um rinoceronte enlouquecido),
parece-me que hoje vai deixar
os dentes (pelo menos) no seu inútil
empenho de ir apagando-te esses olhos
que intactos - assim quero - aqui ficam.
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