segunda-feira, 25 de abril de 2022

W. H. AUDEN

THE ANNUNCIATION

II

THOUGHT 

The garden is unchanged, the silence is unbroken.
Truth has not yet intruded to possess
Its empty morning nor the promised hour
Shaken its lasting May.

INTUITION

                  The human night,
Whose messengers we are, cannot dispel
Its wanton dreams, and they are all we know.

SENSATION

My senses are still coarse
From late engrossment in a fair. Old tunes
Reiterated, lights with repeated winks,
Were fascinating like a tic and brought
Whole populations running to a plain,
Making its lush alluvial meadows
One boisterous preposter. By the river
A whistling crowd had waited many hours
To see a naked woman swim upstream;
Honours and reckless medicines were served
In booths were interest was lost
As easily as money; at the back,
In a wet vacancy among the ash cans,
A waiter coupled sadly with a crow.

FEELING

I have now escaped a raging landscape:
There woods were in a tremor from the shouts
Of hunchbacks hunting a hermaphrodite;
A burning village scampered down a lane;
Insects with ladders stormed a virgin's house;
On a green knoll littered with picnics
A mob of horses kicked a gull to death.

INTUITION

Remembrance of the moment before last
Is like a yawning drug. I have observed
The sombre valley of an industry
In dereliction. Conduits, ponds, canals,
Distressed with weeds; engines and furnaces
At rust in rotting sheds; and their strong users
Transformed to spongy heaps of drunken flesh.
Deep among dock and dusty nettle lay
Each ruin of a will; manors of mould
Grew into empires as a westering sun
Left the air chilly; not a sound disturbed
The autumn dusk except a stertorous snore
That over their drowned condition like a sea
Wept without grief.

THOUGHT

                                                My recent company
Was worse than your three visions. Where I was,
The haunting ghosts were figures with no ground,
Areas of wide omissions and vast regions
Of passive colour, higher than any squeak,
One note went on for ever; an embarrassed sum
Stuck on the stutter of a decimal,
And points almost coincident already
Approached so slowly they could never meet.
There nothing could be stated or constructed:
To Be was an archaic nuisance.

INTUITION

Look. There is someone in the garden.

FEELING

The garden is unchanged, the silence is unbroken
For she is still walking in her sleep of childhood: 
Many before
Have wandered in, like her, than wandered out
Unconscious of their visit and unaltered,
The garden unchanged, the silence unbroken:
None may wake there but One who shall be woken.

THE ANGEL GABRIEL

Wake.


                 xxxxxxxxxxxxxxxx


A ANUNCIAÇÀO

II

PENSAMENTO

O jardim não mudou, o silêncio está intacto.
A verdade ainda não irrompeu para possuir
A manhã vazia nem a hora prometida
Abalou a vibração de Maio.

INTUIÇÃO

                                  A noite humana,
De qaue somos os mensageiros, não consegue dissipar
A inquietude dos seus sonhos, que são tudo o que sabemos.

SENSAÇÃO

Os meus sentidos estão ainda embotados
Pela saturação recente de uma feira. Velhas melodias
Repetidas, a cintilação obsessiva das luzes,
Trouxeram aldeias inteiras a correr pela planície,
Tornando os seus opulentos prados aluviais
Num despropósito turbulento. Junto ao rio
Uma multidão ruidosa esperou horas
Para ver nadar uma mulher contra a corrente;
Honrarias e mezinhas temerárias eram servidas
Em barracas onde o lucro se perdia
Tão facilmente como o dinheiro, nas traseiras,
Num baldio húmido, entre as latas de lixo,
Uma bandeja acasalava tristemente com um corvo.

SENTIMENTO

Escapei por pouco de uma paisagem desolada:
Os bosques tremiam com os gritos 
De corcundas perseguindo um hermafrodita,
Uma aldeia em fogo precipitava-se pela vereda,
Insectos assaltavam com escadas a casa de uma virgem,
Num cômoro verde enxameado de piqueniques
Um bando de cavalos matava a coice uma gaivota.

INTUIÇÃO

A recordação do instante antes do último
É como uma droga entediante. Observei
O vale sombrio de uma fábrica
Abandonada. Condutas, bosques, canais,
Inçados de ervas daninhas; máquinas e fornalhas
Enferrujadas em telheiros apodrecidos; e os seus utilizadores
Transformados em montões flácidos de carne bêbeda.
Entre a rabaça e a urtiga poeirenta jaz
Toda a ruína de um projecto; morgadios de barro
Cresceram como impérios quando o sol-poente
Arrefeceu o ar; nenhum som perturbou
O crepúsculo outonal excepto um ronco estentóreo
Que chorava o afogamento deles,
Sem pena, como um mar.

PENSAMENTO

                              A minha última companhia
Era pior que as vossas três visões. Os
Fantasmas eram formas sem espessura,
Áreas de omissão profunda e regiões vastas
De cor passiva, mais aguda que qualquer rangido,
Uma nota persistiu para sempre; uma adição embaraçosa
Tropeçou no balbuceio de um decimal
E pontos quase coincidentes aproximaram-se
Tão devagar que nunca se poderiam encontrar.
Aí nada podia ser afirmado ou construído:
Ser era um incómodo arcaico.

INTUIÇÃO

Olhem. Há alguém no jardim.

SENTIMENTO

O jardim não mudou, o silêncio está intacto
Porque ela ainda acorda no seu sonho de criança:
Antes dela
Muitas se perderam e dele saíram
Inconscientes da visita e inalteradas,
O jardim intocado, o silèncio intacto:
Nenhuma pode acordar lá, apenas A que será acordada.

O ANJO GABRIEL

Acorda.

Sem comentários:

Enviar um comentário

  FRANK O'HARA PISTACHIO TREE AT CHATEAU NOIR Beaucoup de musique classique et moderne Guillaume and not as one may imagine it sounds no...