domingo, 20 de fevereiro de 2022

JON JUARISTI


PALINURO

     Lejos quedó la pobre loba, muerta...
                                                     A. M.

                                                     

Ahora que caes  tan lejos,
juventud,
y que crujen mis años
como paja esparcida bajo el trillo,
proclamo que, aunque bien que lo intentaste,
no pudiste conmigo, hija
de puta.

Resistí con ayuda de algún fármaco,
casi siempre adquirido en el mercado negro,
y de aquella virtud que suele agradecerse,
de la cuarta virtud,
la voluntad.

Como una loba en celo me reclamas,
aullando en la distancia, más allá de los yermos
que he sembtado de novias irascibles.

Nada me ofreces,
nada
que no haya devanado hasta el aburrimiento.
Inúyilmente gimes.
Ni tripulando un tango, óyelo bien,
volvería hacia ti.

No te debo siquiera gratitud. No me diste
un solo instante amable que yo no te arrancara
con la navaja al cuello,
y poca cosa queda de lo que te birlé:
materia para el sueño de las siestas de otoño,
trufas sentimentales que escondo entre mis versos
y un centenar de cartas que voy extraviando
en mis cambios de piso.

Tú también envejeces.
Cada vez que te nombran te desgastan un poco.
Por lástima o venganza,
uno busca sinónimos melancólicamente
pero detrás de todos te insinúas,
incorregible suripanta, alzando
de cada uno de ellos el borde hasta tus muslos.

(No tudo estuvo mal. Tampoco exageremos.
Por lo menos, viví. 
Tuve mi epoca.)


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PALINURO
        
        Longe ficou a pobre loba, morta...
                                                       A. M.

Agora que cais tâo longe,
juventude,
e que rangem os meus anos
como palha espalhada debaixo do malho,
proclamo que, ainda bem que o intentaste,
não pudeste comigo, filha 
da puta.

Resisti com a ajuda de algum fármaco,
quase sempre adquirido no mercado negro,
e daquela virtude que costuma agradecer-se,
da quarta virtude,
a vontade.

Como uma loba no cio reclamas-me,
uivando ao longe, mais além dos ermos
que semeei de namoradas irascíveis.

Nada me ofereces,
nada que não tenha dobado até ao aborrecimento.
Inutilmente gemes.
Nem tripulando um tango, ouve bem,
voltaria para ti.

Não te devo sequer gratidão. Não me deste
um único instante amável que eu não te arrancasse
com a navalha no pescoço,
e pouca coisa resta do que te fanei:
matéria para o sonho das sestas de outono,
trufas sentimentais que escondo entre os meus versos
e uma centena da cartas que vou extraviando
nas minhas mudanças de casa.

Tu também envelheces.
Cada vez que te nomeiam desgastam-te um pouco.
Por lástima ou vingança,
procuram-se sinónimos melancolicamente,
mas atrás de todos te insinuas,
incorrigível sacripanta, levantando
de cada um a baínha até às coxas.

(Nem tudo esteve mal. Tampouco exageremos.
Pelo menos, vivi.
Tive a minha época.)



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