quarta-feira, 5 de janeiro de 2022

LUIS ALBERTO DE CUENCA


 EL ENCUENTRO

                            a Juan Manuel de Prada

En Salamanca, el último noviembre,
te encontré por la calle, tan delgada
como entonces, pero con más arrugas.
Dabas clases de no sé qué muy raro
(Textologia, por ejemplo) y eras
muy feliz explicando a tus alumnos
lo divino y lo humano. Me dijiste
que tus hijos quedaron en Madrid,
con su padre, y que sólo los veías
- ya eran mayores- tres o cuatro veces
al año; que te habías doctorado
(¡por fin!) y que ahora sólo te faltaba
ser funcionaria para ver el mundo
desde el lugar que merecías.
                                               Yo
te dije que bueno, que pasaba
por allí casualmente, que tenía
un amigo escritor en Salamanca
y que había venido a visitarlo.
Tú me dijiste: "¿Tienes mucha prisa
o podemos tomarnos algo juntos?"

Después de muchas copas, con el alba
siguiendo nuestra pista, te lo dije:
"Desde entonces no ha habido otra mujer."
Y en mi interior bullia la mentira
al alimón con el deseo, y todo
- aquel horrible bar, tú y yo, la noche -
era tan esperpéntico y absurdo
que se parecía a la vida.


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O ENCONTRO

                       Para Juan Manuel de Prada

Em Salamanca, no último novembro,
encontrei-te na rua, tão magra
como antes, mas com mais rugas.
Davas aulas de não sei quê, muito estranho
(Textologia, por exemplo) e eras
muito feliz a explicar aos teus alunos
o divino e o humano. Disseste-me
que os teus filhos tinham ficado em Madrid,
com o pai e que só os vias
- já eram adultos - três ou quatro 
vezes por ano; que te havias doutorado
(por fim!) e que agora só te faltava
ser efectiva para ver o mundo
desde o lugar que merecias. 
                                              Eu
disse-te que ainda bem, que passava
por ali casualmente, que tinha
um amigo escritor em Salamanca
e que tinha vindo visitá-lo.
Disseste-me: "Tens muita pressa
ou podemos beber qualquer coisa?"

Depois de muitos copos, com a alvorada
a seguir a nossa pista, disse-te:
"Desde então não houve outra mulher."
E no meu interior bulia a mentira
em conjunto com o desejo e tudo
- aquele horrível bar, tu e eu, a noite -
era tão grotesco e absurdo
que se parecia com a vida.

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