segunda-feira, 17 de janeiro de 2022

 ALEKSANDAR RISTOVIC


PRETO NO BRANCO OU FUNDO VERDE

O meu corvo prefer andar a voar,
seja sobre um relvado ou um campo nevado.
Talvez tenha chegado à conclusão
que é mais digno caminhar quw voar?

Por vezes, rncontramo-nos sós, num campo.
Ele não se devia e eu também não.
Ficamos a olhar um para o outro:
uma criatura teimosa em frente de outra.

Depois, um de nós desiste,
digamos que ele - mas não levanta voo,
limita-se a rodar e dirigir-se
para a esquerda ou para a direita.

Fico a pensar, este meu corvo não é uma ave,
apenas tem parecenças,
com o seu bico, asas e garras,
mas os seus propósitos e comportamento são humanos.

Agora, enquanto observo, através da janela, no crepúsculo,
a neve rodopia à volta da árvores desnudas,
ouço-o grasnar para si mesmo,
recusando nitidamente guardar o que tem em mente.

Uma mulher atira-lhe para os pés
bugigangas, jóias baratas e pérolas.
Por último, mostra-lhe o peito roliço
e o corvo solta um suspiro.

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