sexta-feira, 22 de outubro de 2021


MIGUEL D'ORS

LOS PLACERES PROHIBIDOS

                                                               A mi hermana Rafa y a Jose

Una copa de vino de la Rioja,
una copa en que, roja
y olorosa, destella na alegría
sencilla, solidaria y aun diria
católica; una copa en que se encierra
la verdad primigena de la tierra
y el sol, qué algarabia
de sabores, de aromas y de sueños:
pinceladas de roble y caramelo,
de setiembre, de nuez,
de musgo, unos pequeños
toques de piedra gótica, un tal vez
como de terciopelo...
y de pronto un sabor a no sé qué
que eleva al cubo el goce... ¡Ya lo sé:
es el inigualable sabor de lo prohibido!

El mismo de fumar
un lento cigarillo distraído:
qué placer degustar
el leve azul del humo, sus volutas ociosas,
admirar cómo sube,
sutil y digresivo,
con vocación de nube
cuando además se sabe
que es humo subversivo
contra el presente estado de las cosas
y elevarse con él -si azul, si gris... -
hacia el libre país
de los ensueños, suave-
mente...
              Pero el placer
más intenso y profundo
de todos cuantos caben en el mundo,
un goce tan sereno y a la vez tan ardiente
que es imposible que haya
otro que se le pueda parecer,
es este de saber
que uno es, gracias a Dios, exactamente
todo lo que aborrece esa canalla.

                                         14//II/2007/Poyo, 29/XI/2009    


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OS PRAZERES PROIBIDOS 

                                       À minha irmã Rafa e a José

Um copo de vinho de Rioja,
um copo em que, vermelho 
e fragrante, cintila uma alegria
simples, solidária e diria mesmo
católica, um copo em que se encerra
a verdade primígena da terra
e o sol, que algaravia
de sabores, de aroma e de sonhos
pincelados de carvalho e caramelo,
de setembro, de noz,
de musgo, uns pequenos 
toques de pedra gótica, um talvez
como de veludo...
e de súbito um sabor a não sei quê
que eleva ao cubo o gozo...! Já sei:
é o inigualável sabor do proibido!

O mesmo quanto a fumar
um lento cigarro distraído:
que prazer degustar
o leve azul do fumo, as suas volutas ociosas,
admirar como sobe,
subtil e digressivo,
com vocação de nuvem,
quando além disso se sabe
que é fumo subversivo
contra o presente estado das coisas
e elevar-se com ele - tão azul, tão cinzento... -
até ao livre país 
dos sonhos, suave
-mente.
             Mas o prazer
mais intenso e profundo
de todos quantos cabem no mundo,
um gozo tão sereno e ao mesmo tempo tão ardente
que é impossível que haja
outro que se lhe possa comparar,
é este de saber
que se é, graças a Deus, exactamente 
tudo o que aborrece essa canalha.

                                       14-II-2007/ Poyo, 29-XI.2009                                               

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