segunda-feira, 27 de setembro de 2021

ANTHOHY HECHT

A DEATH IN WINTER

                                 IN MEMORY OF JOSEPH BRODSKY,
                                                             born May 24, 1940, Leningrad,
                                                             died January 28, 1996, BROOKLYN.



Delicate sensors registered the shock,
Cool scanners  shuddered but went unobserved;
It was very dark, of course, the city scarved
In the sleeping death of each day's light, each clock

Reckoning that brief moment only in passing.
Historian, watchman, made their careful note
Of power surges and ebbs, who's in, who's out.
At he hourly Bellevue bed-check no one was missing.

But this tremor, beyond the ten-tone Richter scale,
Unsettles us more, with its quiet ultra-sound,
Than could tectonic plates, the underground
Turning of coats and strata, the old turmoil

And trepidation od societies and spheres.
Spaces are mourners. Prospect Park is the first
To cloak itself in darkness. Well rehearsed,
The Nevsky Prospect blacks out, disappears,

And before St. Mark's, the whole world living room
Empties and floats away (as the spirit does)
With its pigeons and its tiny orchestras,
While the Luxembourg' stone gentry pace and roam

In solitary grief. Time itself mourns,
Going back to the same hour as if in search,
Time and again, of bedroom, study, porch,
In nightly, demented, desperate returns,

Looking for something lost, a loss untold,
Greater than many of us understand.
In the Republic of Letters one fine hand,
Cyrillic, cursive, American, has been stilled.

Survivor of show trial, of state oppression,
Exiled from parents, language, neighbourhood,
Tjis man was the lasting sovereignity of the word,
Beyond the grasp of politics or fashion,

The hawk's domain and climate, whose largesse
Comes as a gift of snow from the obscure
Mid-winter gray in verse precise and pure,
He now dwells in the care of each of us.

Reader, dwell with his poems. Underneath
Their gaiety and music, note the chilled strain
Of irony, of felt and mastered pain,
The sound of someone laughing through clenched teeeth.


      xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx

UMA MORTE NO INVERNO
                                              IN MEMORY OF JOSEPH BRODSKY,
                                                                                     nascido 24 de Maio de i940, Leninegrado,
                                                                                     falecido 28 de Janeiro de 1996, Brooklyn.

Sensores delicados registaram o choque,
Antenas indiferentes tremeram, mas não foram observadas;
Estava muito escuro, é certo, a cidade encaixada
Na morte do sono da vida de cada dia, os relógios

Reconhecendo esse momento breve, apenas pela passagem.
Historiador, vigilante, tomaram nota cuidadosa
Das marés do poder, quem dentro, quem fora,
Na horária contagem de camas de Bellevue ninguém faltava.

Mas este tremor, além dos dez graus da escala de Richter,
Perturba-nos mais, com o seu ultra-som tranquílo,
que placas tectónicas gélidas, a subterrânea
Revolução de camadas e estratos, o velho tumulto

E trepidação de sociedades e esferas.
Os espaços lamentam. Prospect Park é o primeiro
A revestir-se de escuridão. Bem ensaiada,
Nevsky Prospect desmaia, desaparece,

E à frente de S. Marcos, a sala de visitas universal
Esvazia-se e escapa flutuando (tal como o espírito)
Com os seus pombos e orquestras diminutas,
Enquanto a nobreza de pedra de Luxemburgo paseia e vagueia

Em pesar solitário. O próprio tempo a carpir,
Regressando à mesma hora, como se buscasse,
Uma vez e outra, quarto de dormir, estúdio, alpendre,
Em retornos loucos, desesperados, todas as noites,

À procura de algo perdido, uma perda inenarrada, 
Maior do que muitos de nós compreendem.
Na República das Letras uma mão admirável,
Cirílica, cursiva, americana, foi calada.

Sobrevivnte de julgamentos fantoches, da opressão do estado,
Exilado de família, língua, vizinhança,
Deste homem era a soberania persistente da palavra,
Para além do alcance de política ou moda,

O domínio e a atmosfera do falcão, cuja amplitude
Chega como dádiva de neve do obscuro
Cinzento do meio do inverno em verso preciso e puro.
Agora permanece ao cuidado de cada um de nós.

Leitor, habita os seus poemas. Por baixo
Da sua jovialidade e música, nota a tensão gelada
Da ironia, de dor sentida e dominada.
O som de alguém a rir, entre dentes cerrados.

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