MIGUEL D'ORS
DESPUÉS DE DONAR SANGRE
Un poco de mi vida, desconocido amigo.
para la tuya.
Ha estado bien cuidada:
no hace falta explicar que son los menús
de una madre gallega
(y por mi parte nunca descuidé
el nível de sus glóbulos rioja);
a lo largo de casi medio siglo
jamás le permití perder la buena forma:
subió conmigo al Monte
Perdido, al Mulhacén, al Peñalara.
al Aneto, al Taillon, al Almanzor,
cinquenta y cuatro veces al Veleta;
casi mil horas de su curso las
pasó pedaleando por asfaltos gallegos,
riojanos y andaluces; de tabaco, de noche,
de grasas saturadas, prácticamente cero.
Un poco de mi vida. No te extrañe
si alguna vez, pasando por Zuriza
o la Selva de Oza,
sientes un ciego impulso de trepar
por los hayedos y las cascajeras
hasta las nieves últimas
ove d'altra montagna ombra non tocchi,
si de repente notas que te empiezan
a gostar las urracas,
los relatos de Borges, la voz de Judy Collins,
la música lluviosa del verso alejandrino,
o si algo se ilumina
en ti a llegar a Cotobade, o si
oyendo una trompeta nebulosa
amaga alguna lágrima en tus ojos.
Pero que sobre todo no te extrañe,
desconocido amigo,
lo que vas a sentir hasta en el pelo
si algún azar te pone alguna vez delante
a Concha Valadares.
10-I-2009
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DEPOIS DE DAR SANGUE
Um pouco da minha vida, amigo desconhecido,
para a tua.
Tem sido bem cuidada;
não é preciso explicar o que são os menus
de uma mãe galega
(e pela minha parte nunca descuidei
o nível dos seus glóbulos rioja);
ao largo de quase meio século
jamais lhe permiti perder a boa forma:
subiu comigo ao Monte
Perdido,ao Malhacén, ao Peñalara,
ao Aneto, ao Taillon, ao Almanzor,
cinquenta e quatro vezes ao Veleta,
quase mil horas de curso passou-
-as pedalando por asfaltos galegos,
riojanos e andaluzes; de tabaco, de noite,
de gorduras saturadas, praticamente zero.
Um pouco da minha vida. Não estranhes,
se alguma vez, passando por Zuriza
ou a Selva de Oza,
sentes um vago impulso de trepar
pelos bosques de faias e o cascalho
até às neves finais
ove d'altra montagna ombra non tocchi,
se ee repente notas que começas
a gostar de pegas,
dos contos de Borges, da voz de Judy Collins,
da música chuvosa do verso alexandrino,
ou se algo se alumia
em ti, ao chegar a Cotobade, ou se
ouvindo uma trompete nebulosa
alguma lágrima ameaça os teus olhos.
Mas, acima de tudo, não estranhes,
amigo desconhecido,
o que vais sentir até à medula
se alguma azar te põe alguma vez diante
de Concha Valadares.
10-I-2009
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