domingo, 6 de junho de 2021

 VÍCTOR BOTAS


EL HOMBRE DEL SACO

Cuando era niño
me enseñaban la luna y mira me
decían allá arriba hay un hombre
con un saco, ¿lo ves?
                                   Y era
mentira. Claro
que ya entonces me daba
perfecta cuenta
del assunto: la gente
mayor miente muchísimo
a los niños, los toma 
pot idiotas o -quién
sabe - a lo mejor es eso
precisamente lo que intentavolvrlos
(y con bastante éxito) cretinos
vitalicios; o sea,
de esos que nunca pierden
comba, ni palmoteo
indigno, si se trata 
de mejorar la nómina.
                                    Hoy, desde
esta nocturna e inquieta
ventanilla de un tren, Luna, te miro
y veo a Diana y veo
la esquiva media luna
de Ibn Hazm de Córdoba y aquella
(más poética aún) de la astrofísica y la 
bicorne luna antigua
del viejo Horacio y otra
que no contemplará ninguna noche
quien yo bien me sabia,
de mi mano. No quisiera seguir;
a ver si alguno piensa
que me las estoy dando
de erudito a estas horas, cuando tan 
sólo trato (qué facil
os los pongo) , oh lenguas
viperinas, de imitar
una vez más a Borges - gaudeamus
igitur - 
             También veo
por cierto (y ya termino)
al hombre aquel
del saco.


         xxxxxxxxxxx


O HOMEM DO SACO

Quando era criança
mostravam-me a lua e repara
diziam-me lá em cima há um homem
com um saco, vê-lo?
                                  E era
mentira. Claro
que já então me dava 
perfeita conta 
do assunto: a gente
adulta mente muitíssimo
às crianças, toma-as 
por idiotas ou - quem
sabe - é isso
precisamente o que intenta. torná-los
(e com bastante êxito) cretinos
vitalícios; ou seja,
de esses que nunca perdem
oportunidade, nem aplauso
indigno, se se trata 
de melhorar o soldo.
                                  Hoje, desde
esta nocturna e inquieta
janela de um comboio, lua, olho-te
e vejo Diana e vejo
a esquiva meia-lua
de Ibn Hazm de Córdova e aquela
(mais poética ainda) da astrofísica e a
bicorne lua antiga 
do velho Horácio e outra
que não contemplará em nenhuma noite
quem eu bem sabia,
pela minha mão. Não quereria continuar;
talvez alguém pense
que estou a fazer-me 
de erudito, a estas horas, quando
apenas trato (como 
vos facilito), ó línguas 
viperinas, de imitar
uma vez mais a Borges - gaudeamus 
igitur - .
              Também vejo,
por certo (e já termino),
aquele homem
do saco.

Sem comentários:

Enviar um comentário

  FRANK O'HARA PISTACHIO TREE AT CHATEAU NOIR Beaucoup de musique classique et moderne Guillaume and not as one may imagine it sounds no...