JON JUARISTI
EN TORNO AL CASTICISMO
A Fanny Rubio, que me desaconsejó
escribir em la lengua del Imperio.
Uno qiuere a su lengua porque es materia y útil
del oficio escogido, pero no, quede claro,
por su más que dudosa belleza. Nunca he sido
amigo de postrarme ante los diccionarios.
Cabreros y ladrones, no monjes cluniacences,
forjaron sus palabras sin brillo ni eufonía.
¿Qué cabía esperar de un hato miserable,
quemado por soles, comido por la tiña?
Jamás tuvo por cierto aquello del Espíritu,
del Genio de los Pueblos. Si escribo en español,
no es por Volkgeist alguno que en el albor de España
fluyera entre las barbas de Cid Campeador.
Aunque Rodrigo Díaz el de Vivar debía
fablar un castellano más recío que una aldaba.
Oíanlo los moros al pie de la alcazaba,
y no les alcanzaba al cuerpo la chilaba.
Con todo, no era el pobre un pozo de elocuencia.
Al paso de los siglos, afortunadamente,
nos fuimos refinando, pero la poesía,
de sobra está decirlo, no ha sido nuestro fuerte.
No obstante, hay excepciones. Catad : el Arcipreste,
Manrique, Garcilaso. Quevedo no era manco.
Incluso entre los vascos tuvimos una de ellas,
pero eso antes de Franco.
Detesto sobre todo a la canalla rancia
que hace de esta cuestión de patriotismo.
Nuestro maestro en esto, Jaume el Conqueridor,
es catalán, inglés y un poco filipino.
En cuanto a mí, la tribu de que procedo, dicen,
moraba ya en los flancos del alto Pirineo
allá cuando Caín sembraba cañamones,
y yo, que me lo creo,
no voy a mendigaros un plato de lentejas
ni un sitio junto al fuego. A ver quién se aventura,
hermanos amadísimos, a negarme el derecho
de primogenitura.
Y si de vez en cuando perpetro un vizcainismo,
que a nadie se le ocurra venir a darme vaya,
y menos a vosotros, pecheros del idioma,
que soy hidalgo viejo del Fuero de Vizcaya.
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A PROPÓSITO DO CASTICISMO
Para Fanny Rubio, que me desaconselhou
a escrever na língua do Império.
Gosta-se da língua que é nossa porque é matéria e útil
do ofício escolhido, mas não, que fique claro,
pela sua mais que duvidosa beleza. Nunca fui adepto
de prostrar-me diante dos dicionários.
Cabreiros e ladrões, não monges cluniciences,
forjaram as suas palavras. sem brilho e sem eufonia.
Que poderia esperar-se de um bando miserável,
queimado pelos sóis, comido pela tinha?
Nunca tive por certo aquilo do Espírito,
do Génio dos Povos. Se escrevo em espanhol,
não é por nenhum Volkgeist, que nos alvores de Espanha,
fluiu pelas barbas de Cid, o Campeador.
Ainda que Rodrigo Díaz, o de Vivar, devia
falazar um castelhano mais grosseiro que uma aldraba,
ouviam-no os mouros junto à alcáçova,
e não lhes sobrava no corpo o cafetã.
Contudo, não era o pobre um poço de eloquência.
Com a passagem dos séculos, afortunadamente,
fomos refinando-nos, mas a poesia,
não sobra dizê-lo, não tem sido o nosso forte.
Não obstante, há excepções. Reparem: o Arcipreste,
Manrique, Garcilaso. Quevedo não era manco.
Incluso, entre os bascos, tivemos uma delas,
mas isso antes de Franco.
Detesto sobretudo a canalha rançosa
que fez deste questão de patriotismo.
O nosso mestre era outro, Jaume, o Conquistador,
é catalão, inglês e um pouco filipino.
Quanto a mim, a tribo de que procedo, dizem,
morava já nos flancos do alto Pirinéu,
acolá onde Caim semeava alpista
e eu até o creio;
não vou mendigar-vos um prato de lentilhas,
nem um lugar junto à fogueira. A ver quem se aventura,
irmãos amantíssimos, a negar-me o direito
de primogenitura.
E se, de vez em quando, perpetro um biscaísmo,
que a ninguém lhe ocorra fazer mofa,
ainda menos a vós, plebeus do idioma,
pois sou fidalgo velho do Foro de Biscaia.
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