VÍCTOR BOTAS
GATO
Pavorosa inocencia la de este
que junto a mi dormita. Nada sabe
de su breve pasado y su futuro
incierto en todo, salvo en una cosa:
también él morirá. Saca las uñas,
se pasea por casa, sigue atento
cuanto pueda moverse; y ahí termina
su actividad de augur. (Tiene la panza
repleta y no le pide correr riesgos
para poder vivir). De tarde en tarde,
cuando se pone algo melancólico,
traza curiosos signos que no siempre
consigue decifrar, Entonces, pobre,
para animarle un poco, ronroneo.
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GATO
Pavorosa inocência a deste
que junto de mim dormita. Nada sabe
do seu breve passado e do seu futuro
de todo incerto, salvo numa coisa:
também ele morrerá. Saca as unhas,
passeia-se pela casa, segue atento
quanto possa mover-se; e aí termina
a sua actividade de áugure. (Tem a pança
repleta e não exige riscos
para poder viver). De tarde em tarde,
quando se põe algo melancólico,
traça curiosos signos que nem sempre
consegue decifrar. Então, pobre,
para animá-lo um pouco, ronrono.
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