segunda-feira, 22 de fevereiro de 2021

VÍCTOR BOTAS


VERANO

El viento es largo
y tibio.
            Cualquier día
de estos
tus hijas se te irán
                              y tú,
tú seguirás aquí
como otras veces. 
                             Quieto,
ahí a la misma vuelta
de la esquina,
te espera ya el otoño con sus grises
ojos llenos de lluvia
y las manos cargadas de racimos
y de roja hojarasca
y de tardes brumosas entre cuarto
paredes,
igual que un diosecillo de los bosques
antigos de la Etruria
cuyos pies se agitaran impulsados
por una rara musica.
                                 Y tú,
tú seguirás aquí,
consumiendo ese tiempo que a ti mismo,
a su vez, te consume;
                                   colocando
palabras que no van
a ser leídas nunca
nunca,
porque no dicen nada
que no hayan repetido muchas voces
muertas
que los demás se saben de memoria.


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VERÃO

O vento é vasto
e tépido.
              Um dia
destes
as tuas filhas partirão
                                   e tu,
tu continuarás aqui
como de outas vezes.
                                  Quieto,
aí na mesma curva 
da esquina,
espera-te já o outono com os seus olhos
cinzentos cheios de chuva
e as mãos carregadas de cachos
e de folharada vermelha
e de tardes brumosas entre quatro
paredes,
i gual a um deuzinho dos bosques
antigos da Etrúria
cujos pés se agitaram impulsionados
por uma música rara.
                                   E tu,
tu continuarás aqui,
consumindo esse tempo que a ti mesmo,
por sua vez, te consome;
                                        dispondo
palavras que não vão
ser lidas nunca
nunca,
           porque não dizem nada
que não tenham repetido muitas vozes
mortas
que os outros sabem de memória.

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