domingo, 7 de fevereiro de 2021

 FERNANDO ORTIZ


ALBANIO EN EL EDÉN

                                     A sus paisanos

                                                    LUIS CERNUDA

El joven andaluz que tiene gran razón para su orgullo,
el poeta cuya palabra lúcida se entreabre
tal perla vegetal tras verder valvas,
harto de fatigar sus esperanzas en el rincón nativo,
pendón de bandería regional para compadres
y autores señoritos de obrillas impotentes;
harto ya de este vulgo luciente, aún más estúpido que el otro
que forman el común, y su ambiente letal y provinciano,
deja al fin a la ciudad en la que un día soñara la vida como
embeleso inagotable.

La sirena de un buque, el silbato de un tren
eran aceros en su pecho
punzándole a iniciar el viaje más soberbio y más libre.
Privácion, infortunio, países nunca hollados
no bastaran jamás a detenerle
en la búsqueda insomne de la palabra viva,
melódica, amorosa,
de apasionada gravedadmy afilada amargura,
a este andaluz altivo y solitario.

Ventaja grande es que esté ya muerto
y que de muerto cumpla veinte años, que así pueden
los decendientes mismos de quienes le ignoraron
retractarse de errores propios o de su casta
para poder impunes cometer otros nuevos.
Hoy alaban su nombre. y honran al erudito
sucesor del gusano, royendo su memoria.

Más él no transigió en la vida ni en la muerte
y a salvo puso su alma irreductible
como demonio arisco que ríe entre negruras:
"Harto estaba de mi ciudad nativa
y pasados treinta años
deseos no siento de volver a ella."

Gracias demos a Dios por la paz de Cernuda vencido;
gracias demos a Dios por la paz de Cernuda exaltado;
gracias demos a Dios, que supo devolverle (como hará con nosotros),
nulo al fin, ya tranquilo, entre su nada.  


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ALBANIO NO ÉDEN

                                      Aos seus conterrâneos

                                                        LUIS CERNUDA

O jovem andaluz que tem grande razão para o seu orgulho,
o poeta cuja palavra lúcida se entreabre
qual pérola vegetal entre verdes valvas,
farto de fatigar as suas esperanças no rincão nativo,
pendão de bandeira regional para compadres
e outros senhorzinhos de obritas impotentes;
farto já de este vulgo luzidio, ainda mais estúpido que o outro
que formam o comum e o seu ambiente letal e provinciano,
deixa por fim a cidade onde um dia sonhara a vida como enlevo inesgotável.

A sirene de um navio, o apito de um comboio
eram inquietações no seu peito
incitando-o a iniciar a viagem mais soberbo e mais livre.
Privação, infortúnio, países nunca pisados
não bastarão para o deter
na busca insone da palavra viva,
melódica, amorosa,
de apaixonada gravidade e afilada amargura,
a este andaluz altivo e solitário.

Grande vantagem é que esteja já morto
e que de morto cumpra vinte anos, pois assim podem
os próprios descendentes dos que o ignoraram
retratar.se de erros pessoais ou da sua casta
para poder, impunes, cometer outros novos.
Hoje falam do seu nome e honram o erudito
sucessor do verme, roendo a sua memória.

Mas ele não transigiu na vida nem na morte
e pôs a salvo a sua alma irredutível
como demónio arisco que ri entre negruras:
"Farto estava da minha cidade natal
e passados trinta anos
não sinto desejos de lá voltar."

Demos graças a Deus, pela paz de Cernuda vencido;
demos graças a Deus, pela paz de Cernuda exaltado;
demos graças a Deus, que soube devolver-lhe (como fará connosco)
nulo por fim, já tranquilo, entre o seu nada. 

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