GAUSBERT DE POICIBOT
(...1220-1231...)
Gacs pecs laitz joglars e fers
dechatz e faitz a revers
a totz mals liges e sers
qu'us non cre que t'en sofranha
et de torz bons aips esters
si tu ver dire-m sofers
felo serventes que-m quers
aiais tal com a te taigna.
Tan pauc valse n tos afrs
que no-t vairia lauzars
mas laidirs e foleiars
qu'ad autrui notz se gazanha
que d'alre non iest joglars
velhs secs plus fels qu'us Navars
comols de totz mais estars
e ses tota bona manha.
Dregz no-t daria ni plagz
qu'aver deguesse ben-fagz
qu'a tota gen i est empagz
cual enueia ta companha
qu'enfrus e goitz i est e lagz
mas car i est velhs e defragz
a frevols com'us contragz
vol merces qu'om s'i afranha.
Gasc malastrucs ab sen pec
pos tan grans paubrfeira-t sec
ja lo siu no-t tenra nec
sitot d'autres s'en esrtanha
los reis qu'om no-i aconsec
si trop non a forbit bec
mas a te dara ses pec
car i es de pauca barganha.
E s'an-N Balian t'en vas
joglars caitus dolens las
mil vetz per portas iras
batutz e tiratz per fanha
de lui mi tens per certas
que non a-lh cos flac ni bas
qu'un don de ton pretz n'auras
ses tenson e ses mesclanha.
E si nuls d'els te mou lanha
en l'ostal ton senhor as
tos ops so pauc que viuras
qu'en aost t'aten l ovas
e non er qui-t plor ni-t planha.
Dels maestres t'acompanha
Gasc que d'els te jauziras
e si-lh serventes retras
a lor nebotz bens abras
que non er'obra d'aranha.
xxxxxxxxxxx
Gracs, jogral idiota, feio e grosseiro,
medroso e feito do avesso,
servo e devoto de tantos males
que, creio nenhum te falta,
de qualidades estéril,
se aguentas que diga a verdade,
o vil sirventês que me procuras
toma-o como te convém.
Vales tão pouco nos teus afazeres,
que a lisonja não te valeria,
apenas fealdade e estupidez,
que a outros afrontam, a ti são úteis,
pois não és mais que jogral
velho, seco, pior que um de Navarra,
cúmulo de todos os vícios
e sem qualquer virtude.
Nem arrazoado, nem intriga,
te conseguirão benfeitorias,
és objecto de escárnio para todos,
a quem enjoa a tua companhia,
pois és ávido, velho e inválido,
débil como um enfermo,
a piedade exige moderação.
Casc, grosseiro e parvo,
pois tanta pobreza te aflige
não te recusará qualquer coisa,
ainda que o negue a outros,
o rei que ninguém engana,
a não ser por língua melíflua,
mas a ti dará, sem dúvida,
que os teus proventos são poucos.
Mas se fores ao senhor Balian,
jogral miserável, triste e infeliz,
mil vezes passarás às portas,
açoitado e arrastado pela lama,
disso eu tenho a certeza,
que não tem coração mole, nem vil,
uma oferta do teu valor terás
sem disputa e sem trabalho.
E se alguém te injuria,
na mansão do teu senho, tens
tudo o que precisas para o resto da vida,
que em Agosto te espera a tumba,
sem que ninguém chore ou lamente.
Que mestres te assistam,
que deles te louvarás,
e se o sirventês recitas
aos seus sobrinhos bem saberás
que não é teia de aranha.
Sem comentários:
Enviar um comentário