sábado, 10 de outubro de 2020

 FERNANDO ORTIZ ( SEVILHA, 1947-2014 )


      25 DE FEBRERO DE 1810

                  Blanco White, abandona el Puerto de Cádiz, en
                  el "Lord Howard", rumbo a Inglaterra


Blancas de cal las casas que en el alba se alejan.
  Un tibio sol de invierno va atemperando el aire.
Desde el mar los tejados menos altos y nítidos.
Temo la soledad. Y la melancolia
me invade si contemplo el puerto abandonado
y la ciudad hundiéndose bajo aguas azules.

  Si miro al mar veo sólo  mi presente inestable,
precario, tornadizo, al igual que las aguas
que el "Lord Howard" remueve y aparta con la quilla
- como el tiempo pasado la espuma se disuelve 
mientras el barco sigue seguro su camino -.
Mas levanto mis ojos y un viento ajeno y libre
despeina mis cabellos, acaricia mi cara,
templando mi inquietud ante el vasto horizonte.

  Ahora miro adelante. ¿Qué habrá tras esas nubes?
Dejo tierra y afectos. Perdonadme mi odio
y también el amor que sufro por vosotros
aunque nunca consiga desterraros del alma
habréis de serme extraños. Así, al menos, lo quiero.

  No han de volver mis ojos, ni han de volver mis pasos.
Amo la libertad. Y mi amada no es facil.


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    23 DE FEVEREIRO DE 1810

              Blanco White abandona o porto de Cádiz no
              barco "Lord Howard", rumo a Inglaterra

Brancas de cal as casas que na madrugada se afastam.
Um tépido sol de inverno vai temperando o ar.
Desde o mar os telhados menos altos e nítidos.
Temo a solidão. E a melancolia
invade-me se contemplo o porto abandonado
e a cidade afundando-se debaixo de águas azuis.

  Se observo o mar só vejo o meu presente instável,
precário, volúvel, igual às águas
que o "Lord Howard" remove e divide com a sua quilha
- como o tempo passado a espuma dissolve-se 
enquanto o barco segue seguro o seu caminho -.
Mas ergo os olhos e um vento alheio e livre
despenteia-me os cabelos, acaricia a minha cara,
suavizando a minha inquietação ante o vasto horizonte.

  Agora olho em frente. Que haverá por trás dessas nuvens?
Deixo terra e afectos. Perdoai o meu ódio
e também o amor que sofro por vós :
ainda que nunca consiga desterrar-vos da alma
havereis de ser-me estranhos. Assim, pelo menos, quero.

  Não irão voltar os meus olhos, nem irão voltar os meus passos.
Amo a liberdade. E a minha amada não é fácil.






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