JON JUARISTI
BÁRBARA
Vuelvo a leer tus cartas de hace un siglo,
de cuando estaba en el cuartel, ¿recuerdas?
o en la trena, mi amor, no exactamente
en la Cárcel de Amor, o en las terribles
províncias que he olvidado. Amarillean
los sobres de hilo, corazón. Los sellos
habrán cobrado algun valor. No en vano
otro es el tiempo de la filatelia.
Me hablas de tu fractura de escafoides,
de tu dolor de muelas, de tu perro,
de lo mal que lo pasas en agosto,
de una excursión a Andorra... Poco a poco,
me has vuelto desabrida la nostalgia:
mi dulce bien, no me quisiste nunca.
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BÁRBARA
Volto a ler as tuas cartas de há um século,
de quando estava no quartel, recordas?,
ou na prisão, meu amor, não exactamente
no Cárcere de Amor, ou nas terríveis
províncias que já esqueci. Amarelecem
os sobrescritos de fio, coração. Os selos
terão ganho algum valor. Não em vão
o ouro é o tempo da filatelia.
Falas-me da tua fractura do escafóide,
da tua dor de dentes, do teu cão,
de como passas mal em agosto,
de uma excursão a Andorra... Pouco a pouco
tornaste-me desabrida a nostalgia:
meu doce bem, nunca me quiseste.
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