sexta-feira, 11 de setembro de 2020

D. J. ENRIGHT  (Royal Leamington Spa, Inglaterra 1920-2002)



         THE EGYPTIAN CAT

How harsh the change, since those plump halcyon days beneath the chair of Nakht -
Poised in conscious honour above the prostate fish,
No backstair bones, no scraped and sorry skeleton, no death's-head
From a toppled dustbin, but sacred unity of fish and flesh and spirit -
Wiyh his stately fantail, its fiery markings like your own,
As tiger-god found good its tiger-offering...

For your seat is now among beggars, and neither man nor cat is longer honoured.
As you with your lank ribs slink, and he sprawls among his stumps.
Young boys, they say, lay their limbs on tram-lines to enter this hard métier -
But you, maddened among the gross cars, mocked by klaxons,
Lie at last in the gutter, merely and clearly dead...

And so I think of the old days - you, strong and a little malignant,
Bent like a bow, like a rainbow proud in colour,
Tense on your tail's taut spring, at Thebes -
Where Death reigned over pharaohs, and by dark arts
Cast a light and lasting beauty over life itself - you,
Templed beneath the chair, tearing a fresh and virgin fish.


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    O GATO EGÍPCIO

Que cruel a mudança, desde esses dias nédios, tranquilos debaixo da cadeira de Nakht -
Aprumado com honra consciente sobre o peixe abatido,
Nada de espinhas de refugo, nem esqueleto destroçado e penoso, nem cabeça de morte
De um caixote de lixo derrubado, mas unidade sagrada de peixe e carne e espírito -
Com a sua imponente cauda, as marcas ígneas como as dele mesmo,
Como deus-tigre que apreciou as suas oferendas de tigre...

Mas o teu lugar é agora entre mendigos, e nem homem nem gato são ainda honrados,
Enquanto tu, com costelas descarnadas, te esgueiras, e ele se estatela sobre os cotos.
Jovens, dizem, colocam os membros nas linhas de eléctrico para entrar neste duro métier -
Mas tu, enlouquecido entre os grandes carros, escarnecido pelas buzinas,
Jazes, por fim, na sarjeta, simples e nitidamente morto...

E assim penso nos dias de antigamente - tu, robusto e um pouco maligno,
Dobrado como um arco, como um arco-íris orgulhoso da cor,
Tenso na mola retesada da cauda, em Tebas -
Onde a Morte reinava sobre faraós, e por artes negras
Derramava uma beleza leve e duradoura sobre a própria vida - tu,
Entronado debaixo da cadeira, despedaçando um peixe fresco e virgem.

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