domingo, 23 de agosto de 2020

 AURORA LUQUE




       TÓPICO


Ya no atrapes el dia - no se deja,
no es tan fácil ser dueña del presente,
persistir en la dicha o detenerla
para el trámite mínimo 
de assignarle palabras.
                                   Y ni al acariciar
las sienes o los pómulos o el pecho
que con furia deseas, cuando la luz parece
palparse con las yemas de los dedos,
estás lejos al fin de los vampiros:
la Utopia, el Vacío, la Memoria.
Amas para escribirlo solamente,
la dicha pede a gritos que un recuerdo
del futuro la abrace y la duplique.
No corras tras el dia. Si no lo acosas puede
que se rienda sumiso
de noche en tu regazo.


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   TÓPICO


Já não agarres o dia - ele não deixa,
não é tão fácil ser dono do presente,
persistir na sorte ou detê-la
para o trâmite mínimo
de atribuir-lhe palavras.
                                     E nem ao acariciar
as têmporas, ou as maçãs do rosto, ou o peito,
que com fúria desejas, quando a luz parece
palpar-se com as polpas dos dedos,
estás longe por fim dos vampiros:
a Utopia, o Vazio, a Memória.
Amas somente para escrever,
a sorte pede aos gritos que uma recordação 
do futuro a abrace e duplique.
Não corras atrás do dia. Se não o acossas talvez
se estenda submisso
à noite no teu colo.



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