sexta-feira, 1 de maio de 2020

Para variar.
Como hoje é Primeiro de Maio ( não pretendo o que se segue como provocação - ou será? - nem, muito menos, negar a imensa importância histórica da data e o que simboliza em relação ao que foi preciso lutar para conseguir muito do que hoje damos por adquirido, sejam quais forem as malhas que o Progresso tece, e ainda menos o que significa para quem ainda se considera de esquerda, mesmo que não pratique - incluo-me) ocorreu-me falar de um livro que estou a ler, La Palabra Arrestada, edição espanhola, do jornalista russo Vitali Shentalinski.
Ele conseguiu, mesmo no final da Perestroika, ter acesso aos arquivos do KGB e antecessores (Checa, OGPU; NKVD...) e publicou vários livros sobre a repressão na URSS. Este - não conheço os outros - diz respeito á perseguição e, nalguns casos, assassinato de escritores - Babel, Mandelstamm, Bulgakov, Tsetvaeva, Platonov, Akhmatova , Pasternak, o próprio Gorki.
Vou citar uma nota de rodapé, na página 53 : "V. M.Primakov(1897-1937), Comandante de Corpo de Exército. Adjunto do Comandante do Sector Militar de Leninegrado. D. A. Schmidt (Gutman) (1895-1937) Comandante de Brigada. M. O. Ziuk (?-1937) Co de Exército. Comandante de Brigada. B. I. Kumichev (1910-1937) Major. Chefe do Quartel.General da 18ª Brigada Aérea. Y. O. Ojótnikov (1897-1937) Director da empresa Gripoavia. E. A. Dréitser (1894-1937) Antigo Comissário da Divisão de Fusileiros de Omsk. Director da fábrica Magnezit, em Cheliabinsk. V. K. Putna (1893-1937). Comante de Corpo de Exército. Militar de carreira. Todos fuzilados.".
Estas notas de rodapé sucedem-se, a quase uma por página, com menos nomes - 2/3/4; o livro tem 555 página. Antes o Coronavírus!
Para alem de muitos comentários possíveis, ocorre-me uma pergunta ( sem teorias da constipação, que abomino) - o que se passou e está a passar nos nossos dias que, mesmo com a enorme proliferação da informação, fake news e tudo, nós não temos conhecimento? Ocorreu-me este exemplo, pela data, mas toda a gente sabe o que se passou na Alemanha nazi, para não falar da Revolução Cultural, nos Pinochets e Videlas e outros criminosos pela América Latina fora.

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