sexta-feira, 15 de maio de 2020

MIGUEL D'ORS


MATERIALES DE CONSTRUCCIÓN

Elena, en los primeiros años de la carrera.
Siempre detrás de ella -hablo literalmente-
por culpa de su nuca a lo Audrey Hepburn,
que me llevava lejos de la Guerra
de las Galias, los verbos polirrizos,
la materia y la forma
ola poesia medieval en Francia.
A aquella nuca debo parte de mi ignorancia.

Mercedes, que era vasca
y recitaba mucho a Leon Felipe,
y que aquellas mañanas
tan ásperas, tan negras, tan pamplona,
com sus ojos marinos
iluminaba prodigiosamente
la "villavesa" de las 8 y 20.

Isabel, una estrella fugaz y madrleña
com una cabelera de incendio forestal
que me plantó dos besos cuando nos despidimos,
y yo, que entonces era analfabeto en besos,
venga dándoles vueltas y más vueltas,
y otra vez, por delante y por detrás,
sin llegar a entender lo que decían.
Com aquel par de besos el tonto de miguel
montó una buena torre de Babel.

Paquita, que estudiava ballet clasico
- por eso su manera de volar
y su cintura de reloj de arena-,
tenia nada más dieciséis años
y los ojos más negros y más dulces
de España y us provincias africanas.
Todo color de rosa hasta que un día
me dijo que adraba al Che Guevara.
En ese mismo instante se acabó.
Lo siento: era cuestión del Che Guevara o yo.

Cada una se fue por su camino.
Ojalá que por él todas hayan llegado
a la felicidad. Sea lo que sea,
hoy quiero darles gracias
a todas ellas por el repertorio
de emociones y sueños y tormentos
que fueron despertando en mi cabeza loca
sin sospechar que allí yo iba a encontrar un día
los materiales para mi poesía 



MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO


Elena, nos primeiros anos da carreira.
Sempre atrás dela -falo literalmente-
por culpa da sua nuca à Audrey Hepburn,
que me levava para longe da Guerra 
da Gálias, dos verbos polirrizos,
da matéria e da forma
ou da poesia medieval em França.
Àquela nuca devo parte da minha ignorância.

Mercedes, que era basca
e recitava muito León Filipe,
e que naquelas manhãs
tão ásperas, tão negras, tão pamplona,
com os seus olhos marinhos
iluminava prodigiosamente
o "villavesa"* das 8 e 20.

Isabel, uma estrela fugaz e madrilena,
com uma cabeleira de incêndio florestal,
que me pregou dois beijos, quando nos despedimos,
e eu, que então era analfabeto em beijos,
andei dando-lhes voltas e mais voltas
e outra vez, por diante e por trás,
sem chegar a entender o que diziam.
Com quele par de beijos o tonto do miguel
montou uma bela torre de Babel.

Paquita, que estudava ballet clássico
- daí a sua maneira de voar
e a sua cintura de ampulheta -,
ainda não tinha dezasseis anos
e os olhos mais negros e mais doces
de Espanha e das suas províncias africanas.
Tudo cor de rosa até que um dia
me disse que adorava Che Guevara-
Nesse mesmo instante acabou-se.
Lamento: era uma questão de Che Guevara ou eu.

Cada uma se foi pelo seu caminho.
Oxalá que por ele todas tenham chegado
à felicidade. Seja como for,
hoje quero agradecer
todo o reportório
de emoções, sonhos e tormentos,
que foram depertando na minha cabeça louca,
sem suspeitar que ali iria encontrar um dia
os materiais para a minha poesia.


* Transporte municipal de Pamplona





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