quinta-feira, 14 de maio de 2020

Para variar ou não.

Na banda sonora da minha vida ( a quem estarei a citar?) poucas letras me ficaram no ouvido,  por um motivo ou outro (e dos outros a qualidade de poema, que poderia, mas felizmente não o faz, dispensar a música, ou, no caso que se segue, está próximo, atingindo-a pelo grito que transporta na voz única de Billie Holiday).
Refiro-me (já o perceberam?) a Strange Fruit. A letra, publicada inicialmente como poema e só posteriormente revestida por música é de Abel Meeropol, que a assinou com o pseudónimo Lewis Allen.


STRANGE FRUIT

Southern trees bear a strange fruit,
Blood in the leaves and blood in the root,
Black bodies swinging in the Southern breeze,
Strange fruit hanging from the poplar trees.

Pastoral scene of the galant south,
The bulging eyes and the twisted mouth,
Scent of magnolias, sweet and fresh,
Then the sudden smell of burning flesh.

Here is fruit for the crows to pluck
For the rain to gather, for the wind to suck,
For the sun to rot, for the trees to drop,
Here is a strange and bitter crop.



FRUTA ESTRANHA

Nas árvores do sul cresce uma fruta estranha,
Sangue nas folhas e sangue na raíz,
Corpos negros dançando na brisa do sul,
Fruta estranha pendurada dos álamos.

Cena pastoral do sul galante,
Os olhos esbugalhados, a boca retorcida,
O perfume da magnólia, doce e refrescante,
Logo o cheiro repentino de carne queimada.

Eis aqui fruta para os corvos colherem,
Para a chuva reunir, para o vento sorver,
Para o sol apodrecer, para as árvores largarem,
Eis aqui uma estranha e amarga colheita.




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