quinta-feira, 30 de abril de 2020

EPIGRAMAS PERSAS MEDIEVAIS
(UMA ANTOLOGIA)
Os poemas aqui incluídos foram selecionados e vertidos (de forma muito liberal) a partir das traduções inglesas do poeta Dick Davis, contida na sua antologia “Borrowed Ware – Medieval Persian Epigrams”.


AGHAJI ( SÉC. X)

O exército da neve precipita-se pelo ar,
como pombas brancas fugindo com medo do falcão.


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Querem prova de que não sou
criança mimada? Não sabem
em que me ocupo? Tragam-me
um cavalo, um arco, um livro,
alguns poemas, uma pena, um alaúde,
dados, vinho, ainda um tabuleiro de xadrez.


SHAHID (SÉC. X)


Se as penas fossem fogo, o fumo subiria,
escurecendo, para sempre, a terra e o céu;
corre o mundo, que nunca encontrarás
um homem que seja feliz e também sábio.



RUDAKI (SÉC X)

Vive a tua vida com alegria,
vive com raparigas de olhos negros, brilhantes,
pois o mundo é apenas
um sonho vazio, varrido pelo vento;
não temas o que irá acontecer,
nem lembres o que já passou –
aqui estou, com o seu cabelo negro
e a sua face é como a lua:
feliz o que jantou e partilhou,
infeliz o que não jantou –
vento e nuvens é este mundo,
o que tem de vir, venha: tragam vinho!


KHOSRAVANI (SÉC X)
Há quatro tipos de pessoa
com quem não gasto dinheiro,
já que nada de útil, vez
alguma obtive das suas artes –
os médicos com suas drogas,
os piedosos com as orações,
os bruxos com os feitiços
e astrólogos com as cartas.

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