terça-feira, 15 de novembro de 2022

AURORA LUQUE


EPÍLOGO A  CARPE NOCTEM

Cuando era joven, yo
aprendía a apropiarme de la noche
y la hacía viscosa, dúctil, líquida,
la convertía en cítrico, licor o cereal
que saciaban mi sed y mis deseos.
Comía entonces música a bocados.
Devoré a Ziryab, a Teresa de Ávila,
a Friedrich de Tubinga.
La noche me sabía tan entregada a ella.
Nunca le puse límite cuando entraba con olas
de bahías potentes. La noche era un altar en que dispuse
elementos propicios y extremados.
¿Cómo no habré de amarla, si contuvo
las bolsas del difícil placer innominado,
traslaciones y viajes suspendidos del hilo de una música,
negruras escondidas del sol,
palabras no decibles
y sin embargo vivas?

Sin la noche qué haremos finalmente.
Ahora solo amaso los recuerdos
de aquel hacer las noches mías antes.


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EPÍLOGO A CARPE NOCTEM

Quando era jovem, eu
aprendia a apropriar-me da noite
e fazia-a viscosa, dúctil, líquida,
convertia-a em ctrino, licor ou cereal
que saciavam a minha sede ou os meus desejos.
Comia, então, música aos bocados.
Devorei Zyriab, Teresa de Ávila,
Friedrich de Tubingen.
A noite sabia-me tanto entregue a ela.
Nunca lhe pus limites quando entrava com ondas
de baías potentes. A noite era um altar onde dispus 
elementos propícios e extremados.
Como não haverei de amá-la, se conteve
as bolsas do difícil prazer inominado,
translações e viagens suspensas do fio da música,
negruras escondidas do sol,
palavras indizíveis 
e contudo vivas?

Sem a noite que faremos por fim.
Agora apenas recolho as recordações
de fazer as noites minas, de antes.

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