sexta-feira, 14 de outubro de 2022

ALEKSANDAR RISTOVIC


ALGUNS ENTRAM NA TABERNA, OS OUTROS SAEM 


Alguns entram na taberna, os outros saem.
Há um prato de violetas e uma lâmpada acesa
na mesa e as duas pernas de alguém
apenas com peúgas debaixo dela.

Uma mulher inclina a cara para a minha.
O cordeiro também está na taberna, mas não o nomeamos assim.
Agora até podemos cheirar as flores 
na mesa vizinha, não apenas na nossa.

O que segurava o livro deixou-o cair.
Há uma chama azul no local onde o livro caiu.
O jovem criado carrega pequenas travessas
com rãs que estão prontas a saltar.

A minha mãe desce de uma escada alta.
Os seus dedos estão gelados e os pomos e a boca
estão quase brancos. Pode ouvir-se duas pessoas falarem
sem se ver nenhuma delas.

Sou um rapazinho a estudar inglês numa sala iluminada
por uma luz avermelhada. Uma mulher pequena, cujas mamas são
como dois ovos, está a ajudar-me. Alguém cujo nome
é Dylan Thomas juntou-se ao nosso jogo de estudante e professora.

Falamos um com o outro em surdina.
Em breve morreremos a mesma morte, mas em lugares distintos:
eu, numa pequena biblioteca com livros em desordem nas estantes,
tu, numa sala onde pessoas de sexos diferentes escondem a cara
   umas das outras. 

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