ALEKSANDAR RISTOVIC
ALGUNS ENTRAM NA TABERNA, OS OUTROS SAEM
Alguns entram na taberna, os outros saem.
Há um prato de violetas e uma lâmpada acesa
na mesa e as duas pernas de alguém
apenas com peúgas debaixo dela.
Uma mulher inclina a cara para a minha.
O cordeiro também está na taberna, mas não o nomeamos assim.
Agora até podemos cheirar as flores
na mesa vizinha, não apenas na nossa.
O que segurava o livro deixou-o cair.
Há uma chama azul no local onde o livro caiu.
O jovem criado carrega pequenas travessas
com rãs que estão prontas a saltar.
A minha mãe desce de uma escada alta.
Os seus dedos estão gelados e os pomos e a boca
estão quase brancos. Pode ouvir-se duas pessoas falarem
sem se ver nenhuma delas.
Sou um rapazinho a estudar inglês numa sala iluminada
por uma luz avermelhada. Uma mulher pequena, cujas mamas são
como dois ovos, está a ajudar-me. Alguém cujo nome
é Dylan Thomas juntou-se ao nosso jogo de estudante e professora.
Falamos um com o outro em surdina.
Em breve morreremos a mesma morte, mas em lugares distintos:
eu, numa pequena biblioteca com livros em desordem nas estantes,
tu, numa sala onde pessoas de sexos diferentes escondem a cara
umas das outras.
Sem comentários:
Enviar um comentário