domingo, 22 de maio de 2022

 FERNANDO ORTIZ

EPÍSTOLA A EMILIO

                                  Y aprenda el hombre la verdad del hombre

                                                   GABRIEL GARCÍA Y TASSARA

  ¿Tú recuerdas, Emilio, cuando un día
me invitaste a escribirte en nobles versos
para hacerte llegar noticia mía?

  No ignoras desde entonces los adversos
sucesos que ocuparan mis mañanas,
tardes y noches y los más diversos

momentos de mi vida. Así, sin ganas
un tiempo estuvo de empuñar la pluma
ni de otras cosas que pensaba vanas.

  Envuelto me encontré en un mar de bruma
y desdeñe lo que me alimentaba
y de la realidad tomé la espuma.

  Pero ya para mí sonó la aldaba
que me impulsa a ponerme en movimiento
hacia mí mismo, rota cualquiera traba.

  Y esa aldaba sonó desde el momento
en el que comprendí que a mi enemigo
peor, yo mismo daba el alimento.

  Qué decirte, si tú fuiste testigo
de cómo, contra mí mismo revuelto,
era incapaz de razonar conmigo.

  No sé se mis asuntos se han resuelto
de una vez para siempre. Es eso extraño.
Mas sí que ando más ligero y suelto.

  Quizá el temor sea origen de mi daño;
el alcohol, la mujer... fueron confusas
maneras varias de llamarme a engaño.

  Hay más de mil, y todas son ilusas,
para huir de saber el proprio nombre.
Algo, Emilio, que nunca admite excusas:
que aprenda el hombre la verdad del hombre.


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EPÍSTOLA A EMILIO

                             E aprenda o homem a verdade do homem
                                                GABRIEL GARCÍA Y TASSARA

  Tu recordas, Emilio, quando um dia
me convidaste a escrever-te em nobres versos
para fazer chegar-te notícias minhas?

  Não ignotras, desde então, os adversos
sucessos que ocuparam as minhas manhãs,
tardes e noites e os mais diversos

  momentos da minha vida. Assim, sem vontade,
um tempo estive sem empunhar a pena,
nem outras coisas que pensava vãs.
  
  Envolto me encontrei num mar de bruma
e desdenhei o que me alimentava
e da realidade colhi a espuma.

  Mas para mim já soou a aldabra
que me impulsa a pôr-me em movimento
em direcção a mim mesmo, rompido qualquer estorvo.

  E essa aldabra soou desde o momento
em que compreendi que ao meu pior
inimigo eu mesmo dava alimento.

  Que dizer-te, se tu foste testemunha
de como, com mim mesmo revoltado,
era incapaz de argumentar comigo.

  Não sei se os meus assuntos se resolveram
de uma vez para sempre. Isso é estranho.
Mas é certo que ando mais ligeiro e solto.

  Talvez o temor seja a origem do meu dano;
o álcool, a mulher... foram confusas 
maneiras várias de de me chamar ao engano.

  Há mais de mil e todas são ilusas,
para fugir de saber o próprio nome.
Algo, Emilio, que nunca admite escusas:
que aprenda o homem a verdade do homem.

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