sexta-feira, 6 de maio de 2022

 DICK DAVIS

AUBADE

for Joshua Mehigan


These are the dawn thoughts of an atheist
Vaguely embarrassed by what looks like grace:
Though colours don't objectively exist,
And have no form and occupy no space.

So that the carpet's sumptuous dyes must make
Bold arabesques untrue as Santa Claus,
And all Matisse's pigments are a false
Fobbed off on us by intellectual laws.

Though neither Fauve nor Esfahan survive
The deconstructed physics of our seeing -
Still we consent, and actively connive
In their unreal adjustments to our being. 

So the thin rhetoric we use to cope
With being so peculiarly here,
Which cannot but be based on baseless hope
And self-constructed images of fear,

Serves to interpret what we are, although
We hesitate to say that what it says
Refers to anything that we could know
Beyond the mind's perpetual paraphrase.

And sensing no quiddity remains
Outside the island sorceries of sense
(Queen Circe's simulacra in our brains
That make and unmake all experience)

Still, still we long for Light's communion
To pierce and flood our solitary gloom:
Still I am grateful as the rising sun
Picks out the solid colours of my room.


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ALBA

para Joshua Mehigan

Estes são os pensamentos madrugadores de um ateu
Vagamente embaraçado pelo que parece a graça:
Embora as cores não existam objectivamente
E não tenham forma e não ocupem espaço.

De forma que as tintas sumptuosas do tapete devem produzir
Arabescos ousados, falsos como o Pai Natal,
E todos os pigmentos de Matisse são uma falsificação,
Que nos é impigida por regras intelectuais,

Embora nem os Fauve, nem Esfahan sobrevivam
À física desconstruída da nossa visão -
Ainda assim assentimos e somos cúmplices activos
Nos seus ajustes irreais à nossa pessoa.

Assim a pobre retórica que usamos para lidar
Com estarmos peculiarmente aqui,
Que só pode ser baseada em esperança infundada
E imagens auto-construídas de medo,

Serve para interpretar o que somos, embora
Hesitemos em dizer que o que diz
Se refere a algo que pudessemos conhecer
Além da paráfrase perpétua da mente.

E pressentindo que nenhum sofisma permanece
Fora das feitiçarias insulares do senso
(Os simulacros da Rainha Circe nos nossos cérebros
Que fazem e desfazem toda a experiência)

Ainda, ainda assim ansiamos pela comunhão da luz
Para penetrar e inundar a nossa escuridão solitária;
Ainda assim fico grato quando o sol nascente
Colhe as cores sólidas do emu quarto.

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