sábado, 2 de abril de 2022

 AURORA LUQUE

APROAR

Vino la poesía de improviso.
A mí, que me sentía
malquerida por ella
- porque yo no la quise a su capricho -
me dijo: Túmbate y mira al cielo.
Vuelve al ciclo del huerto,
vuelve al mar mitológico.
¿No adorabas de niña las mochilas?
Da la espalda al vecino vertedero
de datos, ruído y prosa.
Traduce - a ver si puedes - 
esa gracia del mundo
que es aullido y sonrisa.
Métete ya en un barco
con proa de dragón.
Fuiste vikinga, sí,
ainque no lo sepas.
Así que bebe oceano,
come islas y duerme ya en los bosques
que metí entre tus sueños
de once años.


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APROAR

Veio a poesia de improviso.
A mim que me sentia 
malquerida por ela 
- porque não a quis à sua vontade -
disse-me: Deita-te e olha o céu.
Volta ao ciclo do horto,
volta ao mar mitológico.
Não adoravas, em criança, as mochilas?
Vira as costas ao vizinho, lixeira
de dedos, ruído e prosa.
Traduz -a ver se podes -
essa graça do mundo
que é uivo e sorriso.
Mete-te já num barco
com proa de dragão.
Forte viking, sim,
ainda que não o saibas.
Então, bebe oceano,
come ilhas e dorme nos bosques
que meti entre os teus sonhos
de onze anos.

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