quarta-feira, 2 de março de 2022

 AURORA LUQUE


TUMBA EN EL LAGO SENECA

         [La tumba de Paul Bowles está junto al lago Seneca, (llamado así
           por los indios seneca) cierca de Glenora, una ciudad del estado de
       Nueva York, en la que el artista vivió dás felices en su infancia. Paul
       quiso que el nombre y las fechas que abren y cierran la vida de Jane
                      aparecieron en la lápide que esconde sus cenizas y así es.]

Desesperadamente lejos de Paul,
desesperadamente lejos de Jane,
desesperadamente lejos de sus sueños tamizados de arena,
desesperadamente lejos del sudor de los ventiladores,
desesperadamente lejos del "ciego, masivo deseo de vivivir",
desesperadamente lejos de la ciega fisura gigantesca de la Via     Láctea,
desesperadamente lejos de Outka, Mimouna y Aicha, que anhelaron
beber el té en el Sahará y durmieron con los vasos llenos de arena,
desesperadamente lejos de los sistemas de presagios de Kit que era   Jane.

Lejano Paul, lejana Jane, ya no podré mirar así los mapas,
como vosotros en América, antes de.
Los insectos ya no crujen bajo nuestros pies en la plaza de Tangér
de árboles podados como parasoles.
Hay muertes cada vez más penetrantes.
La muerte es más inmensa cada vez:
aniquila submundos de delirio,
devasta la semilla rimbaldiana,
mutila los idiomas,
arrasa los relentes del misterio.
Viajar plenos de vida hacia el deseo aniquilante, como vosotros,
ya no es posible.
¿Dónde encontrar ahora la bandeja resbaladiza que era Tánger,
con su isla de sueños gelatinosa y pútrida
incrustada en su centro? ¿Dónde el lenguaje de los vientos libres
y turbios, al que quisiéramos sentirnos
traducidos, mudados?

Penúltimos viajeros, ¿basta la voluntad de no querer
detener nuestros pasos o es necesario
contar, además, con el capricho, con la complicidad
de un mundo que se quisiera nómada, indefinida
y más duro y reacio a las certezas?

Desesperadamente lejos de Paul,
desesperadamente lejos de Jane.


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TÚMULO NO LAGO SENECA

        [O túmulo de Paul Bowles está junto ao lago Seneca (chamado       assim pelos índios Seneca) perto de Glenora, uma cidade no       estado de Nova Iorque, na qual o artista viveu dias felizes. Paul quis
 que o nome e as datas que abrem e encerram a vida de Jane           aparecessem na lápida que esconde as suas cinzas e assim é.]

Desesperadamente longe de Paul,
desesperadamente longe de Jane,
desesperadamente longe dos seus sonhs peneirados de areia,
deseperadamente longe do suor das ventoinhas,
desesperadamente longe do "cego, massivo desejo de viver",
desesperadamente longe da cega fissura da Via Láctea,
desesperadamente longe de Outka, Mimouna e Aicha, que ansiaram
beber o chá no Saará e dormiram com os copos cheios de areia,
desesperadamente longe dos sistemas de presságios de Kit, que era   Jane.

Longínquo Paul, longínqua Jane, já não poderei olhar assim os   mapas,
como vós na América, antes de.
Os insectos já não rangem debaixo dos nossos pés na praça de   Tânger
de árvores podadas como guarda-sóis.
A morte é cada vez mais imensa:
aniquila submundos de delírio,
devasta a semente rimbaldiana,
mutila os idiomas,
arrasa os orvalhos do mistério.
Viajar cheios de vida para o desejo aniquilante, como vós, 
já não nos é possível.
Onde encontrar agora a bandeja resvaladiça que era Tânger,
com a sua ilha de sonhos glutinosa e pútrida
incrustada no seu centro? Onde a linguagem dos ventos livres
e turvos, a que queriamos sentir-nos 
traduzidos, mudados?

Penúltimos viajantes, basta a vontade de não querer
deter os nossos passos ou é necessário
contar, além disso, com o capricho, com a cumplicidade
de um mundo que se queria nómada, indefinido
e mais duro e relutante a certezas?

Desesperadamente longe de Paul,
desesperadamente longe de Jane.

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