W. H. AUDEN
FOR THE TIME BEING
(excertos)
ADVENT
II
NARRATOR
If, on account of the political situation,
There are quite a number of homes without roofs, and men
Lying about on the countryside neither drunk nor asleep,
If all sailings have been cancelled till further notice,
If it's unwise now to say much in letters, and if,
Under the subnormal temperatures prevailing,
The two sexes are at present the weak and the strong,
This is not at all unusual for this time of year.
If that were all we we should know how to manage. Flood, fire,
The desiccation of grasslands, restraint of princes,
Piracy on the high seas, physical pain and fiscal grief,
These after all are our familiar tribulations,
And we have been through them all before, many, many times.
As events which belong to the natural world where
The occupation of space is the real and final fact
And time turns round itself in an obedient circle,
They occur again and again but only to pass
Again and again into their formal opposites,
From sword to ploughshare, coffin to cradle, war to work,
So that, taking the bad with the good, the pattern composed
By the ten thousand odd things that can possible happen
Is permanent in a general average way.
Till lately we knew of no other, and between us we seemed
To have what it took - the adrenal courage of the tiger,
The chameleon's discretion, the modesty of the doe,
Or the fen's devotion to spatial necessity:
To practise one's peculiar civic virtue was not
So impossible after all; to cut our losses
And bury our dead was really quite easy: That was why
We were always able to say: "We are children of God,
And our Father has never forsaken His people."
But then we were children: That was a moment ago,
Before an outrageous novelty had been introduced
Into our lives. Why were we never warned? Perhaps we were.
Perhaps that mysterious noise at the back of the brain
We noticed on certain occasions - sitting alone
In the waiting room of the country junction, looking
Up at the toilet window - was not indigestion
But this Horror staring already to scratch Its way in?
Just how, just when It succeeded we shall never know:
We can only say that now It is there and that nothing
We learnt before It was there is now of the slightest use,
For nothing like It has happened before. It´s as if
We had left our house for five minutes to mail a letter
And during that time the living room had changed places
With the room behind the mirror over the fireplace;
It's as if, waking up with a start, we discovered
Ourselves stretched out flat on the floor, watching our shadow
Sleepily stretching itself at the window. I mean
That the world of space where events re-occur is till there,
Only now it's no longer real; the real one is nowhere
Where time never moves and nothing can ever happen:
I mean that although there's a person we know all about
Still bearing our name and loving himself as before,
That person has become a fiction; our true existence
Is decided by no one and has no importance to love.
That is why we despair; that is why we would welcome
The nursery bogey or the winecellar ghost, Why even
The violent howling of winter and war has become
Like a juke-box tune we dare not stop. We are afraid
Of pain, but more afraid of silence; for no nightmare
Of hostile objects could be as terrible as this Void.
This is the Abomination. This is the wrath of God.
xxxxxxxxxxxxxxxxxxx
FOR THE TIME BEING
(excertos)
ADVENTO
II
NARRADOR
Se, por causa da situação política,
Há muitas casas destelhadas e homens que sem estarem
Bêbedos, nem adormecidos, jazem pelos campos,
Bêbedos, nem adormecidos, jazem pelos campos,
Se toda a navegação foi suspensa até nova ordem,
Se é imprudente escrever muito nas cartas e se,
Às temperaturas sub-normais que prevalecem,
Os sexos são agora o ftraco e o forte,
Isso não é de todo inabitual nesta época do ano,
Se isso fosse tudo saberiamos governar-nos. Cheias, fogos,
A seca nas pastagens, reclusão de príncipes,
Pirataria no mar alto, dor física e aflição fiscal
São, ao fim e ao cabo, tribulações familiares
Por que passámos muitas, muitas vezes.
Como acontecimentos pertencentes ao mundo natural,
Em que a ocupação do espaço é o facto real e definitivo
E o tempo gira sobre si próprio num círculo obediente,
Ocorrem uma vez ou outra mas só para se tornarem
Uma e outra vez os seus opostos formais,
Da espada ao arado, do caixão ao berço, da guerra ao trabalho,
De forma que, resumindo o bom e o mau, o padrão composto
Pelas milhentas coisas estranhas que podem acontecer
É fixo, de uma forma média geral.
Até há pouco não conhecíamos outro e entre nós
Parecíamos garantir as suas implicações - a coragem adrenérgica
Do tigre, a gentileza do camaleão, a modéstia da corça,
Ou a devoção do feto à restrição espacial:
Que cada um praticasse a sua virtude cívica
Que cada um praticasse a sua virtude cívica
Não era impossível: contar as nossas perdas
E enterrar os nossos mortos era bastante comezinho. Por isso
Estávamos sempre prontos a dizer: "Somos filhos de Deus
E o nosso Pai nunca esqueceu o seu Povo."
Mas éramos então crianças: Isso foi há um instante,
Antes que uma novidade ultrajante entrasse
Nas nossas vidas. Porque não fomos avisados? Talvez fôssemos.
Talvez esse ruído misterioso no fundo da cabeça
Em que por vezes atentávamos - sozinhos no assento
Da sala de espera das camionetas, olhando
Para a janela da casa de banho - não fosse indigestão
Mas já esse Horror que escavava o acesso ao nosso íntimo.
Como e quando conseguiu nunca saberemos:
Apenas podemos dizer que agora está lá e tudo
O que antes d'Ele apredemos é de nenhuma utilidade,
Porque nada como Ele aconteceu antes. É como se
Tivéssemos saído por cinco minutos para enviar uma carta
E durante esse tempo a sala tivesse trocado de lugar
Com o quarto atrás do espelho, por cima da lareira;
É como se, acordando em sobressalto, nos descobríssemos
Estendidos ao comprido no soalho, observando a nossa sombra
Sonolentamente estendida à janela. Quero dizer
Que o mundo espacial em que os acontecimentos se repetem
Existe ainda, mas já não é real, o real está nenhures,
Onde o tempo nunca passa e nada pode acontecer:
Quero dizer que embora haja uma pessoa de que tudo sabemos,
Que ainda carrega o nosso nome e se estima como dantes,
Essa pessoa tornou-se uma ficção; a nossa verdadeira existência
Ninguém decide e não alcança o merecimento do amor.
É por isso que desesperamos; é por isso que festejaríamos
O papão infantil ou o fantasma da adega e por que
Mesmo o uivo terrível do inverno e da guerra se tornou
Uma canção de grafonola que não ousamos parar. Receamos
A dor, mas ainda mais o silêncio; porque nenhum
Pesadelo de objectos hostis seria tão terrível como este Abismo.
Esta é a Abominação. Esta é a ira de Deus.
Sem comentários:
Enviar um comentário