WELDON KEES
SARATOGA ENDING
1.
Iron, sulphur, steam: the wastes
Of all resorts like this have left their traces.
Old canes and crutches line the walls. Light
Floods the room, stripped from the pool, broken
And shimmering like scales. Hidden
By curtains, women dry themselves
Before the fire and review
The service at hotels,
The ways of dying, ways of sleep,
The blind ataxia patient from New York,
And all the others who were here a year ago.
2.
Visconti mad with pain. Each day,
Two hundred drops of laudanum. Hagen, who writhes
With every step. The Count, a shrunken penis
And a monocle, dreaming of horses in the sun,
Covered with flies - Last night I woke in sweat
To see my hands, white, curled upon the sheet
Like withered leaves. I thought of days
So many years ago, hauling driftwood up from the shore,
Waking at noon, the harbor birds following
Boats from the mainland. And then no thoughts al all.
Morphine at five. A cold dawn breaking. Rain.
3.
I lie here in the dark, trying to remember
Whwt my life has taught me. The driveway lights blur
In the rain. A rubber-tired metal cart goes by,
Followed by a nurse; and something rattles
Like glasses being removed after
A party is over and the guests have gone..
Test tubes, beakers, graduates, thermometers -
I reach for a cigarette and my fingers
Touch a tongue depressor that I see
As a bookmark; and all I know
Is the touch of this wood in the darkness, remembering
The warmth of one bright summer half a life ago -
A blue sky and a blinding sun, the face
Of the long dead who, high above the shore,
Looked down on waves across the sand, on rows of yellow jars
In which the lemon trees were ripening.
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FINAL EM SARATOGA
1.
Ferro, enxofre, vapor: os desperdícios
De todas as estâncias como esta deixaram as suas marcas.
Bengalas velhas e muletas perfiladas na parede. A luz
Enche a sala, despojada da piscina, quebrada
E cintilante como escamas. Escondidas
Por cortinas, mulheres secam-se
À lareira e reveem
O serviço no hotéis,
Os modos de morrer, modos de sono,
O doente cega, com ataxia, de Nova Iorque.
2.
Visconti, louco de dor. Todos os dias
Duzentas gotas de láudano. Hagen, que se contorce
A cada passo. O Conde, de pénis murcho
E monóculo, sonhando com cavalos ao sol,
Cobertos de moscas. - Ontem à noite acordei suado
A ver as minas mãos enroladas sobre o lençol
Como folhas ressequidas. Pensei em dias,
Muitos anos atrás, arrastando madeira flutuante desde a margem,
Acordando ao meio-dia, as aves do porto seguindo
Barcos do continente.. A seguir, nenhum pensamento.
Morfina às cinco. O início de uma madrugada fria. Chuva.
3.
Estou aqui, deitado no escuro, tentando recordar
O que a vida me ensinou. As luzes do acesso esfumadas
Pela chuva. Passa uma cadeira metálica, com rodas de borracha,
Seguida por uma enfermeira; e algo chocalha
Como copos a serem removidos, depois
Do fim de uma festa e os convidados terem saído.
Tubos de ensaio, provetas, vasos graduados, termómetros -
Companheiros destes anos, que já não contabilizo.
Puxo de um cigarro e os meus dedos
Tocam num abaixador de língua que uso
Como marcador de livros; e tudo o que sei
É o toque desta madeira na escuridão, lembrando
O calor de um verão inteiro, há meia vida atrás -
Um céu azul e um sol que cegava, a cara
De alguém há muito morto, que no cimo da margem
Observa as ondas através da areia, as filas de potes amarelos
Onde os limoeiros amadureciam.
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