FRANK O'HARA
POEM
I watched an armory combing its bronze bricks
and in the sky there were glistening rails of milk.
Where had the swan gone, the one with the lame back?
Now mounting the steps
I enter my new home full
of gray radiators and glass
ashtrays full of wool.
Against the winter I must get a samovar
embroidered with basil leaves and Ukranian motos
to the distant sound of wings, painfully anti-wind,
a little bit of the blue
summer air will come back
as the steam chuckles in
the monster's steamy atacck
and I'll de happy here and happy there, full
of tea and tears. I don't suppose I'll ever get
to Italy, but I have the terrible tundra at least.
My new home will de full
of wood, roots and the like
while I pace in a turtleneck
sweater repairing my bike.
I watched the palisades shivering in the snow
of my face, which had grown preternaturally pure.
Once I destroyed a man's idea of himself to have him.
If I'd had a samovar then
I'd have made him tea
and as hyacints grow from
a pot he would have loved me
and my charming room of tea cosies full of dirt
which is why I must travel, to colect the leaves.
O my enormous piano, you are not like being outdoors
though it is cold and you
are made of fire and wood!
I lift your lid and mountains
return, that I am good.
The stars blink like a hairnet that was dropped
on a seat and now it is lying in the alley behind
the theater where my play is echoed by dying voices.
I am really a woodcarver
and my words are love
which wilfully parade in
its room, refusing to move.
1954
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POEMA
Eu vi uma armaria pentear os seus tijolos de bronze
e no céu havia carris de leite brilhantes.
Para onde foi o cisne, aquele que era corcunda?
Agora subindo as escadas
entro na minha casa nova cheia
de radiadores cinzentos e cinzeiros
de vidro cheios de lã.
Tenho de descobrir um samovar para me defender do inverno
decorado com folhas de manjerico e provérbios ucranianos
ao som longínquo de asa que se magoam contra o vento,
um pedacjnho do ar
azul do verão regressará
quando o vapor gargalhar
na afronta fumegante do monstro
e serei feliz aqui e ali, saciado
de chá e lágrimas. Suponho que nunca alcançarei
a Itália, mas pelo menos tenho a tundra terrível.
A minha casa nova estará cheia
de madeira, raízes e similares,
enquanto vagueio com a camisola
de gola alta, reparando a bicicleta.
Eu vi as paliçadas tiritando na neve
da minha cara, que cresceu sobrenaturalmente pura.
Em tempos destruí a ideia que um homem de si tinha, para o possuir.
Se então tivesse um samovar
ter-lhe-ia feito chá
e como jacintos a brotar
de um ramo amar-me-ia
e ao meu delicioso quarto de bules de chá muito sujos,
é para isso que tenho de viajar, para colher as folhas.
Ó meu piano enorme, não és como estar lá fora
mas está frio e tu
és feito de fogo e de madeira!
Levanto a a tua tampa e regressam
montanhas, pois eu sou bom.
As estrelas cintilam como rede de cabelo esquecida
num assento e que agora está perdida na viela atrás
do teatro onde as vozes moribundas ecoam a minha peça.
Na realidade sou um entalhador
e as minhas palavras são amor
que de boa vontade se demora no
quarto, recusando mexer-se.
1954
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