ANTHONY HECHT
LACHESIS: OR; THE PAST
Well, now. You might suppose
There's nothing left to be said.
Outcast, corrupt and blind,
He knows it's night when an owl
Wakes up to hoot at the wise,
And the owl inside his head
Looks out of sightless eyes,
Answers, and sinks its toes
Into the soft and bloody
Center of his mind.
But miles and miles away
Suffers another man.
He was young, open-hearted,
Strong in mind and body
When all these things began.
Every blessed night
He attends the moonstruck owl,
Familar of the witless,
And remembers a dark day,
And remembers a dark day,
A new-born baby's howl,
And an autumnal wetness.
The smallest sign of love
Is always an easy target
For the jealous and cynical.
Perhaps, indeed, they are right.
I leave it for you to say.
But to leve a little child,
Roped around the feet,
To the charities of a wolf
Was more than he could stomach.
He weighed this for an hour,
Then rose to his full height,
The master of himself.
And the last, clinching witness.
The great life he spared
He would return to punish
And punish himself as well.
But recently his woes
Are muted by the moon.
He no longer goes alone.
Thorns have befriended him,
And once he found his mother
Hiding under a stone.
She was fat, wet, and lame.
She said it was clever of him
To find her in the dark
But he always had been a wise one,
And warned him against snails.
And now his every word
Is free of all human hates
And human kindliness.
To be mad, as the world goes,
Is not the worst of fates.
(And please do not forget
There are those who find this comic.)
But what, you ask, of the hero?
(Ah well, I'm very old
And they say I have a rambling
Or a devious sort of mind.)
At midnight and in rain
He advances without trembling
From sorrow unto sorrow
Toward a kind of kight
The sun makes upon metal
Which pehaps even the blind
May secretly behold.
What the intelligence
Works out in pure delight
The body must learn in pain.
He has solved the Sphynx's riddle
In his own ligaments.
And now in a green place,
Holy and unknown,
He has taken off his clothes.
Dust in the sliding light
Swims and is gone. Friut
Thickens. The listless cello
Of flies tuning in shadows
Wet bark and the silver click
Of water over stones
Are close about him where
He stands, an only witness
With no eyes in his face.
In spite of which he knows
Clear as he once had known,
Though bound both hand and foot,
The smell of mountain air
And an autumnal wetness.
And he sees, moreover,
Unfolding into the light
Three pairs of wings in flight,
Moving as water moves.
The strength, wisdom and bliss
Of their inhuman loves
They scatter near the temple.
And some day men may call me,
Because I'm old and simple
And never had a lover,
Responsible for this.
xxxxxxxxxx
TRÊS PONTOS DESDE OS BASTIDORES
LÁQUESIS: OU, O PASSADO
Bem, bem. Poderá supor-se
Que nada resta para dizer.
Proscrito, corrupto e cego,
Sabe que é noite, quando um mocho
Acorda para piar aos sensatos,
E o mocho dentro da sua cabeça
Espreita por olhos sem visão,
Responde e afunda as garras
No centro mole e sangrento
Da sua mente.
Mas a quilómetros de distância
Outro homem sofre.
Era um jovem , de coração aberto,
Forte em mente e corpo
Quando tudo isto começou.
Todas as santas noites
Escuta o mocho de olho arregalado,
Parente dos insensatos
E recorda um dia escuro,
Os berros de um recém-nascido
E uma humidade outonal.
O minímo sinal de amor
é sempre um alvo fácil
Para os ciumentos e cínicos.
Talvez, no fundo, estejam certos.
Cada um que opine.
Mas deixar uma criança pequena,
Com uma corda a atar-lhe os pés,
Aos cuidados de um lobo
Era mais do que podia suportar.
Considerou isso por uma hora,
Depois ergueu-se inteiro,
Dono de si próprio.
E a última, segura testemunha.
A grande vida que poupara
Voltaria para punir
E também punir-se.
Mas, ultimamente, as suas mágoas
São caladas pela lua.
Já não caminha sozinho,
Espinhos são seus amigos
E uma vez encontrou a mãe
Escondida debaixo de uma pedra.
Estava gorda, molhada e coxa.
Ela disse que era mérito dele
Encontrá-la na escuridão,
Mas que sempre fora sensato
E alertou-o contra os caracóis
E agora todas as suas palavras
Estão livres de ódios humanos
E de gentileza humana.
Estar louco, como vai o mundo,
Não é a pior das sinas.
(E, por favor, não esqueçam
Que há quem ache tal cómico.)
Mas, então, perguntam, o herói?
(Ah, bom, sou muito velha
E dizem que tenho uma vagabunda
Ou ínvia espécie de mente.)
À meia-noite e à chuva
Prossegue sem tremura
De pesar para pesar
Em direcção a uma certa luz
Que o sol produz no metal
Que talvez até os cegos
Possam secretamente avistar.
O que a inteligência
Produz em deleite puro
O corpo tem de aprender em dor.
Resolveu o enigma da Esfinge
Nos seus próprios tendões.
E agora num lugar verde,
Sagrado e desconhecido,
Despiu as suas roupas.
Poeira na luz deslizante
Nada e desaparece. A fruta
Amadurece. O violoncelo inquieto
De moscas a afinar em sombras
Casca húmida e o clique prateado
De água sobre as pedras
Estão perto de onde
Ele está, testemunha única
Sem olhos na cara.
A despeito do que sabe,
Límpido como antes soube,
Embora atado de mãos e pés
O cheiro do ar montanhoso
E uma humidade outonal.
E ele vê, além do mais,
Desenrolando-se na luz,
Três pares de asas em fuga
Correndo como água corre.em
A força, ciência e alegria
Dos seus amores desumanos
Espalham junto do templo.
E algum dia os homens irão dizer
Porque sou velha e singela
E nunca tive um amante,
Que sou responsável por isto.
Nota: Esta é a terceira e última parte do poema "Three Prompters from the Wings"; aparece em publicações separadas, a bem da minha paciência e das minhas costas.
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