CHARLES SIMIC
BABY PICTURES OF FAMOUS DICTATORS
The epoch of a streetcar drawn by horses;
The organ-grinder and his monkey.
Women with parasols, Little kids in rowboats
Photographed against a cardboard backdrop depicting an idyllic sunset
At the fairgrounds where all went to see
The tow-headed calf, the bearded
Fat lady who dances the dance of seven veils.
And the great famine raging through India...
Fortune-telling white rats pulling a card out of shoebox
While Edison worries over the lightbulb,
And the first model of the sewing machine
Is delivered in a pushcart
To a modest white-fenced home in the suburbs.
Where there are always a couple of infants
Posing for the camera in their sailor's suits,
Out there in the garden overgrown with shrubs.
Lovable little mugs smiling faintly toward
The new century. Innocent. Why not?
All of them like ragdolls of the period
With those chubby porcelain heads
That shut their long eyelashes as you lay them down.
In a kind or perpetual summer twilight...
One can even make out the shadow of the tripod and the black hood
That must have been quivering in the breeze.
One assumes that they all stayed up late squinting at the stars,
And were carried off to bed by their mothers and big sisters,
While the dogs remained behind:
Pedigree bitches pregnant with bloodhounds.
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RETRATOS INFANTIS DE DITADORES FAMOSOS
A época de um bonde puxado por cavalos;
O tocador de realejo e o seu macaco.
Mulheres com chapéus de sol. Miúdos em canoas
Fotografados contra um cenário de cartão mostrando um pôr do sol idílico
Nas feiras onde todos iam ver
A vitela com duas cabeças, a mulher
Gorda de barbas que dança a dança dos sete véus.
E a grande fome que percorre a Índia...
Ratos brancos que adivinham o futuro tirando uma carta de uma caixa de sapatos,
Enquanto Edison se preocupa com a lâmpada eléctrica
E o primeiro modelo da máquina de coser
É entregue num carrinho de mão
Numa casa modesta, com gradeamento branco, nos subúrbios,
Onde há sempre uma data de crianças
Posando para a máquina em fatos de marinheiro,
Aí no jardim pejado de arbustos.
Putos adoráveis que sorriem vagamente
Ao novo século. Inocentes. Porque não?
Todos eles como bonecas de trapos da época,
Com essas cabeças rechonchudas de porcelana
E pálpebras compridas que fecham quando se deitam.
Num arremedo de crepúsculo estival perpétuo...
Ainda se pode adivinhar a sombra da trípode e o capuz negro
Que deverá ter estado a ondular na brisa.
Supõe-se que todos ficaram até tarde olhando as estrelas de esguelha,
E foram levados para a cama pelas mães e as irmãs mais velhas,
Enquanto os cães ficavam ainda:
Cadelas de raça prenhes de sabujos.
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