W H AUDEN (YORK, 1907-1973)
Da meia-dúzia de antologias de poesia, que publiquei (Assírio&Alvim) a primeira foi Massacre dos Inocentes, de W H AUDEN, em 1994, desplante de que não posso dizer que me arrependa, mas não deixou de ser imprudente.
Por tudo isso e não só resolvi rever a tradução e ir aqui divulgando o resultado - outras eventualmente se seguirão; não prometo incluir todos os poemas, mas também não prometo não incluir outros, se me apetecer.
MUSÉE DES BEAUX ARTS
About suffering they were never wrong,
The Old Masters: how well they understood
Its human position, how it takes place
While someone else is eating or opening a window or just walking dully along;
How, when the ages are reverently, passionately waiting
For the miraculous birth, there always must be
Children who did not specially want it to happen, skating
On a pond at the edge of the wood:
They never forgot
That even the dreadful martyrdom must run its course
Anyhow in a corner, some untidy spot
Where the dogs go on their doggy life and the torturer's horse
Scratches his innocent behind on a tree.
In Brueghel's Icarus, for instance: how everything turns away
Quite leisurely from the disaster; the ploughman may
Have heard the splash, the forsaken cry,
But for him it was not an important failure; the sun shone
As it had to on the white legs disappearing into the green
Water; and the expensive, delicate ship that must have seen
Something amazing, a boy falling out of the sky,
Had somewhere to get to and sailed calmly on.
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MUSÉE DES BEAUX ARTS
Quanto ao sofrimento nunca se enganaram
Os Velhos Mestres: como entenderam
A sua morada humana; como acontece,
Enquanto outros comem ou abrem uma janela ou apenas dão um passeio monótono;
Como, no momento em que velhos aguardam reverente, apaixonadamente,
O nascimento milagroso, haverá crianças
Que nem sequer o desejam, patinando
Num lago, na orla do bosque.
Nunca esqueceram
Que mesmo o martírio mais terrível deve ocorrer
De forma ocasional numa esquina, algum local sujo
Que os cães frequentam na sua azáfama canina, onde o cavalo do torcionário
Coça o traseiro inocente numa árvore.
No Ícaro de Brueghel, por exemplo: tudo volta
Pacificamente as costas ao desastre; o lavrador terá
Ouvido o mergulho, o grito desamparado;
Mas, para ele, não foi um fracasso importante; o sol brilhava,
Como de costume, nas pernas brancas que desapareciam na água
Verde; e o frágil, luxuoso barco que terá visto
Algo espantoso, um rapaz caindo do céu,
Tinha um destino a atingir e para ele placidamente navegou.
segunda-feira, 3 de agosto de 2020
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